CDS decide posição sobre presidenciais e Telmo Correia arrasa mandato de Marcelo

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
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Na quinta-feira, a dois dias do Conselho Nacional do CDS que irá decidir o apoio à recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, o líder parlamentar dos centristas fez uma publicação no Facebook onde arrasa o mandato de Marcelo. Telmo Correia aproveitou um comentário sobre a morte do ucraniano às mãos do SEF para acusar o presidente da República de sempre ter protegido o Governo. A RTP tentou contactar Telmo Correia para perceber se o deputado irá votar contra o apoio a um novo mandato de Marcelo, mas não obteve resposta.

Ao comentar as declarações do presidente da República sobre a morte do ucraniano Ihor Homenyuk, que levou à acusação de três inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) por homicídio qualificado, o líder parlamentar do CDS, Telmo Correia, acusou Marcelo Rebelo de Sousa de proteger o Governo, como “quase sempre" fez ao "longo do mandato".

“O Presidente da República (nove meses depois) descobre que há um tema e resolve pronunciar-se. Para quê? Para exigir responsabilidades a um ministro manifestamente incapaz? Exigir pronúncia do PM em nome do Governo? Pedir justiça implacável? Não!”, escreveu o deputado numa publicação na rede social Facebook.

Cabrita , Marcelo e o SEF. A propósito do assassinato do cidadão ucraniano , Ihor Homenyuk , no aeroporto e da recente...

Publicado por Telmo De Noronha Correia em Quinta-feira, 10 de dezembro de 2020


"Nove meses depois, o Presidente da República descobre um problema e resolve pôr em causa...o SEF", acusou o líder parlamentar do CDS, acrescentando que o SEF é "uma instituição fundamental para a nossa segurança coletiva, ainda que alguns dos seus elementos tenham cometido um crime hediondo".

"A escolha foi e sempre será pela proteção dos governantes incapazes (como quase sempre ao longo do mandato) e um ataque a uma instituição que pode e deve seguramente ser reorganizada, mas que devia ser protegida. De quem se devia esperar o maior institucionalismo. Tempos estranhos", prosseguiu Telmo Correia, acrescentando que é "mau demais para ser verdade".

No próximo sábado, o CDS reúne-se em Conselho Nacional (que irá decorrer por videoconferência) para decidir o apoio à recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa. As recentes declarações de Telmo Correia apontam para que o líder parlamentar dos centristas vote contra o apoio ao candidato. A RTP procurou perceber as intenções de voto de Telmo Correia, mas não obteve resposta.

O presidente da República defendeu, na quinta-feira, que é preciso apurar se a morte de um cidadão ucraniano em instalações do SEF corresponde a uma atuação sistémica e que, se assim for, há que mudar a instituição e protagonistas.

Marcelo questionou o futuro do Serviço de Estrangeiros Fronteiras e do atual ministro da Administração Interna, sublinhando que é preciso saber se os responsáveis atuais podem promover a mudança necessária.


"Se há uma realidade como um todo que enquanto sistema se vem a concluir que não funcionou, não funciona, e não é em casos isolados, globalmente não funciona, então tem de ser substituída por outra. E quem protagonizou a passada provavelmente não tem condições para protagonizar a futura", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa.

"Importa verificar se há ou não há um pecado mortal do sistema. Se há, então este SEF não serve e tem de se avançar para uma realidade completamente diferente"
, reforçou o chefe de Estado.
Telmo Correia apoia demissão de Eduardo Cabrita
Na mesma publicação no Facebook, Telmo Correia defende a demissão do ministro da Administração Interna.

Na quinta-feira, Eduardo Cabrita voltou a insistir que o seu Ministério tomou todas as medidas necessárias e devolveu todas as críticas, acusando partidos, comentadores e comunicação social de não terem dado a atenção devida ao tema.

"Bem-vindos ao combate da defesa dos direitos humanos", disse em tom sarcástico, sublinhando que a sua determinação neste âmbito "é de sempre e não começou em março e, muito menos, nas últimas semanas".

O líder parlamentar do CDS considera que estas declarações não só revelam “o estilo habitualmente arrogante” de Eduardo Cabrita, como, “por si só, justificariam o fim do seu mandato”.
“Bem-vindos? Inenarrável! E ofensivo”, acusou Telmo Correia.

O deputado relembra que o seu partido questionou o Governo, “há mais de um mês, sobre as declarações da viúva do cidadão ucraniano e a falta de apoio”, sublinhando que não obtiveram “nem uma palavra que fosse, inclusivamente em relação às despesas de transladação”.

Na quinta-feira, Eduardo Cabrita anunciou que o Estado português vai indemnizar a família do cidadão ucraniano morto no aeroporto de Lisboa – uma decisão que Telmo Correia considera ter sido tomada “em aflição”.


Esta sexta-feira, no final do Conselho Europeu, António Costa afirmou que mantém “total confiança” no ministro da Administração Interna, defendendo que Eduardo Cabrita fez tudo o que lhe competia fazer.

c/Lusa
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