Cavaco volta à carga com ironia e por escrito. Antigo presidente reivindica "salto em frente"

por Carlos Santos Neves - RTP
Aníbal Cavaco Silva foi primeiro-ministro de 6 de novembro de 1985 a 28 de outubro de 1995 António Pedro Santos - Lusa

Em artigo publicado esta quarta-feira pelo Observador, Aníbal Cavaco Silva recorre à ironia para ensaiar uma comparação entre os derradeiros dois anos da sua governação com os últimos oito do Governo socialista de António Costa. O antigo primeiro-ministro e presidente da República sustenta que "o desenvolvimento de Portugal, em todas as suas dimensões, deu um salto em frente que muito surpreendeu a União Europeia" na década de 90.

"Com a falta de humildade e a vaidade que me são atribuídas digo que estou absolutamente convencido de que, nessa década, por ação dos meus governos, o desenvolvimento de Portugal, em todas as suas dimensões, deu um salto em frente que muito surpreendeu a União Europeia e que, depois, em nenhuma outra década foi alcançado resultado semelhante", começa por escrever Cavaco.

O antigo chefe de Estado enumera, como obras da sua passagem pela chefia do poder executivo, o programa de erradicação das barracas das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, a conclusão do troço do IP4, para completar a ligação entre Amarante e Bragança, a construção da Ponte de Freixo, no Porto, e da Ponte Vasco da Gama, em Lisboa, o lançamento do concurso internacional para a introdução do comboio na Ponte 25 de Abril e a promoção para a criação da Portugal Telecom, entre outros.Este é o primeiro de dois textos assinados por Cavaco Silva para o jornal online Observador. A segunda parte, a publicar na próxima terça-feira, é dedicada à "arrogância política".

"O que fica escrito é suficiente para demonstrar que é compreensível que afamados analistas e cronistas políticos pensem que era natural que os ministros do governo sentissem alguma fadiga física, tal a dimensão da obra realizada nos últimos dois anos da minha década de primeiro-ministro, quando comparada com a dos oito anos do atual poder socialista", assinala.

"A minha satisfação por esta obra é tanto maior, quanto ela foi realizada num tempo em que o Governo enfrentou uma forte oposição política, uma legítima, outra menos legítima", acentua Cavaco.Aníbal Cavaco Silva foi primeiro-ministro de 6 de novembro de 1985 a 28 de outubro de 1995.


O antigo primeiro-ministro evoca igualmente "a arrogância política e a vaidade" com que, a 26 de abril de 1995, após a inauguração da fábrica de automóveis Autoeuropa, conduziu "um veículo nela produzido, dando uma volta à pista de ensaios".

"Faltavam seis meses para cessar as funções de primeiro-ministro", sublnha, para se questionar sobre "quando é que chega o outro projeto do tipo Autoeuropa de que o poder socialista tem falado".
 
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