Catarina Martins na RTP. Coordenadora acredita que quadros do Bloco vão assegurar uma boa liderança

por RTP

Foto: Rodrigo Antunes - Lusa

A coordenadora do Bloco de Esquerda, que esta terça-feira anunciou estar de saída da liderança do partido, não quis comprometer-se com o apoio a Mariana Mortágua, futura candidata ao cargo. Em entrevista ao Telejornal da RTP, Catarina Martins considerou que a colega é "extraordinária" e "seguramente um bom nome", frisando, porém, que dentro do partido há outros bons potenciais candidatos.

Mariana Mortágua “é seguramente um bom nome, e no Bloco de Esquerda temos felizmente várias pessoas com preparação” para o cargo, declarou a líder bloquista, que sairá em maio.

“A Mariana é extraordinária, tem características que todos conhecem, bem sei. Também digo que há no Bloco de Esquerda várias pessoas com características fundamentais para desempenhar estas funções e acho que em conjunto somos capazes das melhores soluções”, acrescentou.

Questionada sobre as razões para a saída, Catarina Martins disse acreditar que “estamos a viver um momento político diferente” e que “há um momento em que é preciso haver lugar a outras pessoas, com outra energia”.

“Julgo que o ciclo político em que eu pude fazer essas funções é um ciclo político que chegou ao fim”, explicou.

A bloquista garantiu ainda que o desaire eleitoral do Bloco nas últimas eleições não foi decisivo para a sua saída. “A política é feita de vitórias e derrotas que devem ser assumidas. Eu estive dez anos de que gostei muito no Bloco, com um dos melhores resultados de sempre e também com um último resultado que não foi bom. Eu não menorizo as derrotas, nunca o fiz”, mas “sei também que foi um resultado que vem da coerência”, reconheceu.
"Continuarei em todas as lutas"
Sobre o futuro, a coordenadora do Bloco não especificou em que cargo pretende manter-se. “Daqui até ao dia 28 de maio eu tenho mandatos que assumi que vou cumprir por inteiro. Como coordenadora do Bloco de Esquerda, na bancada parlamentar, continuarei em todas as lutas em que o Bloco precisar de mim e em todos os compromissos que à esquerda sempre assumi”, detalhou.

“Garanto a cada uma das pessoas com quem estive na manifestação dos professores e disse que era para fazer a luta que vou estar com elas, como vou estar na saúde, como vou estar na habitação, como vou estar com os trabalhadores”.

Catarina Martins acredita também que, “se durante algum tempo a posição do Bloco não foi reconhecida popularmente”, hoje “as pessoas compreendem que o Bloco de Esquerda não podia nunca aceitar uma chantagem do Partido Socialista para uma destruição da escola pública, do Serviço Nacional de Saúde, para a perda de poder de compra dos salários ou para continuar a habitação a ser o reino da especulação em vez do direito das pessoas”.

“Sei que hoje temos o reconhecimento popular de quem sabe que tínhamos razão quando dizíamos que o caminho que o Partido Socialista estava a fazer é contrário aos interesses do nosso povo”, sublinhou.
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