O ministro dos Assuntos Parlamentares esteve esta quinta-feira na RTP3 e falou sobre a recente polémica a respeito da indicação de Hélder Rosalino para secretário-geral do Governo. O ex-secretário de Estado acabou por desistir de ocupar o cargo e Pedro Duarte insiste que a sua contratação "não significaria nem mais um cêntimo de custo" para os portugueses.
O Governo de Luís Montenegro responsabilizou o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, acusando-o de ter criado uma “complexidade indesejável”, uma vez que se recusou a continuar a pagar o salário de Hélder Rosalino enquanto este desempenhava funções no Governo. Esta quinta-feira, o Banco de Portugal reafirmou que estaria a violar as regras do Eurosistema caso pagasse o ordenado de consultor.
O órgão liderado por Mário Centeno argumenta que os bancos centrais estão impedidos de financiar, direta ou indiretamente, os Estados de forma a preservarem a sua independência.
Pedro Duarte, ministro dos Assuntos Parlamentares, considerou que seria à mesma “dinheiro público” que “serviria pagar uma remuneração a uma função muito importante numa reforma profunda que o Governo está a implementar”.
“Essa pessoa já servia o Estado português. Isso não significaria nem mais um cêntimo de custo para o Estado que aquele que tem hoje. Se o salário era processado por via do banco de Portugal ou por outra via distinta, é tudo dinheiro do Estado, é tudo dinheiro dos contribuintes”, referiu o ministro em entrevista ao 360.
Pedro Duarte classificou esta polémica como “estéril” e criada “artificialmente” perante um Governo que tem sido “competente” e num cenário em que a oposição “tem dificuldade em atacar políticas”.
Governo ainda não tem novo nome
Insistiu que este é um episódio “residual” na vida dos portugueses e que se tentou criar uma polémica “artificialmente”, mas reconhece que o Governo ainda não tem um substituto. “Vamos ter um nome no curto prazo”, asseverou.
O ministro vincou a intenção de “dignificar e qualificar a Administração Pública” e, quando questionado sobre o salário que Hélder Rosalino iria auferir para desempenhar um cargo governativo, Pedro Duarte lembrou a importância de manter os rendimentos para quem desempenha certas funções.
“Se queremos ter pessoas qualificadas, não podemos pedir que algumas pessoas venham servir o Estado mas para isso tenham de reduzir em duas ou três vezes o seu salário atual, as pessoas têm os seus compromissos de vida”, afirmou.
E atacou ainda a oposição: “Se não queremos qualificar a nossa Administração Pública podemos continuar a tomar medidas que se calhar são demagogicamente populistas, mas depois trazem prejuízos objetivos para a vida das pessoas”.
“O Estado vai continuar a gastar os 15 mil euros que gasta hoje e vai pagar um salário adicional” a outro secretário-geral a ser contratado, apontou.
"Cooperação exemplar" com Marcelo
Sobre a mensagem de Ano Novo do presidente da República, o ministro dos Assuntos Parlamentares afirmou que o Governo está “alinhado” com o que foi dito por Marcelo Rebelo de Sousa e destaca que tem havido “uma cooperação exemplar” entre São Bento e Belém. Descartou ainda quaisquer “leituras” e interpretações sobre uma eventual “chamada de atenção” por parte de Marcelo Rebelo de Sousa na sua alocução.
Na antevisão do ano político que agora se inicia, com eleições autárquicas e eleições presidenciais à porta, Pedro Duarte criticou as oposições que apenas olham “para o seu umbigo”, mas disse esperar que os “interesses eleitorais” não se sobreponham aos interesses nacionais, referindo nomeadamente a execução do PRR. De recordar que e o presidente da República não poderá dissolver a Assembleia da República em caso de chumbo do Orçamento do Estado, isto a menos de seis meses da eleição de um novo chefe de Estado.
“O Governo cedeu como nunca nenhum outro Governo tinha cedido em qualquer processo negocial na história da nossa democracia”, destacou o ministro, referindo-se às negociações para o OE2025.
Atacou também o PS e o Chega, considerando que se “atacam muito na retórica, mas na prática têm uma coligação permanente de conveniência”.
Pedro Duarte lembrou ainda a “abertura para o diálogo” do Governo nas negociações, não só com a oposição, mas também os entendimentos com “professores, forças de segurança, guardas profissionais, bombeiros, enfermeiros, médicos”.
Numa repetição das palavras de Luís Montenegro na sua primeira mensagem de Natal, o ministro dos Assuntos Parlamentares ressalvou que a “incerteza internacional é enorme” e que “a grande vantagem de Portugal é a estabilidade”.