A coordenadora do BE disse hoje que vai pedir explicações ao Ministério da Defesa sobre o facto de ter autorizado a comercialização de bens militares a uma empresa instalada na Zona Franca da Madeira, que se dedicava ao imobiliário.
Em causa está uma notícia hoje avançada pelo Correio da Manhã, de que o ex-secretário de Estado da Defesa, Carlos Pires, atribuiu à Softbox Madeira o licenciamento para o exercício das atividades de comércio e indústria dos bens e tecnologias militares, 11 dias após as legislativas de 10 de março.
Em declarações aos jornalistas na Madeira, numa visita ao Mercado Agrícola do Santo da Serra, Mariana Mortágua considerou que o negócio exige explicações e transparência.
"Até porque foi feito já depois das eleições, e nós certamente iremos pedir essas explicações ao Ministério da Defesa", acrescentou.
A coordenadora bloquista referiu que "sempre defendeu um regime fiscal mais favorável à Madeira" desde que implicasse a criação de mais postos de trabalho, "o que neste momento não existe" e "levou a Comissão Europeia a exigir que uma série de empresas devolvessem benefícios fiscais" que receberam indevidamente.
"É lógico que isto ainda é mais grave quando falamos de uma empresa do setor da Defesa, um setor muito particular, muito sensível, que é constituída com capital social de 5 mil euros, tem apenas um único trabalhador, e tem um beneficiário último que não sabemos muito bem quem é, que negociava com imóveis e que de um dia para o outro se regista como comercializadora de bens militares e de material militar", apontou.
Questionada, por outro lado, sobre as negociações do Governo de Luís Montenegro com funcionários públicos de diversos setores, que se têm manifestado insatisfeitos, Mortágua respondeu que o partido avisou desde o início da campanha eleitoral para as legislativas de 10 de março que "a direita só tinha a oferecer ao país confusão".
"Na República, como na Madeira, nós sabemos quais são as consequências da governação da direita. E a Madeira é um belo exemplo do que é um modelo de desenvolvimento da direita, um modelo de baixos salários, de aumento da pobreza", afirmou.
A coordenadora do BE acrescentou que na Madeira o ambiente "é colocado em segundo plano" e o "negócio imobiliário e os favorecimentos acabam sempre por ganhar face ao interesse público e ao interesse da região".