"Avaliação de partido maduro". Pedro Nuno nega estratégia em afirmações sobre imigração

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Miguel Pereira da Silva - Lusa

Pedro Nuno Santos diz que não há qualquer estratégia nas afirmações que fez sobre a imigração, tal como foi sugerido pelo ex-ministro de Educação do Governo socialista. O líder do PS garante ainda que não vai haver qualquer recuo no que diz respeito à proposta sobre a manifestação de interesse.

Em resposta às críticas que tem recebido após as suas polémicas declarações sobre a imigração, Pedro Nuno Santos disse, esta terça-feira, que não há qualquer estratégia e que consistiram apenas numa avaliação crítica do que foi feito pelo partido.

“Há um trabalho permanente de olhar para a frente mas de olhar também para aquilo que fizemos, o que correu bem e correu menos bem e o que deve ser alterado”, disse o líder dos socialistas.

“Isto faz parte de um trabalho de avaliação que um partido maduro como aquele que eu lidero tem de ter sobre os temas”, sublinhou. O líder do PS foi criticado depois de ter assumido que o partido cometeu erros nos últimos anos no que respeita à imigração e rejeitado um regresso ao regime da manifestação de interesse, que acabou por decisão do Governo de Luís Montenegro.

Em entrevista ao jornal Expresso, o líder do PS disse ainda que os estrangeiros que querem viver em Portugal têm de respeitar os costumes e a cultura dos portugueses e, sobretudo, respeitar as mulheres.

Uma das maiores críticas partiu da antiga ministra e deputada Ana Catarina Mendes, que se mostrou estupefacta com a "mudança de posição" do PS sobre a imigração e o discurso sobre aceitação de culturas, criticando uma aproximação à agenda da direita e extrema-direita.

Questionado sobre se reconhece que foi longe de mais ao condenar algumas das políticas do seu partido, Pedro Nuno Santos respondeu que “vamos longe de mais se não conseguirmos ter a capacidade de olharmos para o que fizemos e identificar aquilo que correu bem e o que correu mal”.

“Como é que o PS vai recuperar a confiança do povo português se não tiver a capacidade de olhar para aquilo que fez e de retirar conclusões?”, questionou. “Isso é fundamental e esse trabalho de análise crítica vai continuar, sem hesitação”, rematou.

O líder dos socialistas reconhece que “a imigração é importante para o país e para a nossa economia”, mas reitera que “o país tem de ter capacidade e condições para receber quem vem para cá trabalhar e é muito importante preservarmos a coesão nacional e social”.
“Não vai haver nenhum recuo”
Relativamente ao regime da manifestação de interesse, Pedro Nuno Santos garante que não vai haver nenhum recuo.

“As alterações que apresentarmos não serão um regresso à manifestação de interesse. Não vai haver nenhum recuo naquilo que eu disse”, asseverou.

A socialista Alexandra Leitão saiu em defesa de Pedro Nuno Santos e pediu contenção e "serenidade" a propósito da onda de críticas após as declarações do líder dos socialistas.

A dirigente socialista refere que o partido apenas alertou para o vazio legal que a decisão do Governo de Luís Montenegro iria criar e defendeu que não há novidades na posição do PS sobre a imigração e o fim da manifestação de interesse, que permitia a regularização de imigrantes com visto turístico em Portugal.

O presidente do PS, Carlos César, também defendeu Pedro Nuno Santos na segunda-feira, considerando que o líder socialista foi corajoso na questão da imigração e recolocou o partido do lado da solução, defendendo que não houve qualquer condenação em relação ao passado.

"Aquilo que é inadmissível é associar quer na linguagem quer no pensamento o secretário-geral do PS a posições culturais e políticas da direita e da extrema-direita. Isso passa os limites da crítica interna que pode ser externa", afirmou, numa crítica a Ana Catarina Mendes.
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