Autárquicas. Medina ganha Lisboa mas deve falhar maioria absoluta, conclui sondagem para a RTP
O atual presidente da câmara de Lisboa, Fernando Medina, deverá ser reeleito com 37 por cento, um resultado inferior ao das últimas autárquicas, mas em que o cenário de maioria absoluta não está afastado. Carlos Moedas, da coligação "Novos Tempos", melhora o resultado dos sociais-democratas, mas fica com 28 por cento. Este é o resultado eleitoral da sondagem realizada no fim de semana pela Universidade Católica para a RTP e para o jornal Público.
O vencedor será Fernando Medina, da coligação Mais Lisboa (PS e Livre), mas sem maioria absoluta. Com 37 por cento das intenções de voto, deverá conseguir eleger entre sete e oito vereadores, embora não esteja afastado o cenário dos nove assentos que garantem a maioria absoluta.
Lisboa tem 17 mandatos para a Câmara Municipal. Nas últimas eleições, o PS conquistou 42% dos votos e oito vereadores. A segunda força política foi o CDS-PP, com 20,59%, e quatro mandatos, enquanto o PSD obteve quase metade, 11, 22% e dois assentos. Na distribuição atual dos mantados, a CDU tem dois assentos, resultantes de 9,55% dos votos, e o Bloco de Esquerda, que teve 7,14%, elegeu um vereador.Com 28 por cento das intenções, Carlos Moedas mais do que duplica o resultado dos sociais-democratas em 2017 (ver caixa), mas não consegue melhorar os números do PSD e do CDS-PP juntos nas últimas autárquicas (31,81 por cento). A coligação Novos Tempos, que reúne o PSD, CDS-PP, PPM, MPT e Aliança, deverá eleger cinco a seis vereadores.
Liderada pelo já vereador João Ferreira, a lista da CDU continua a ser a terceira força política na capital, com 11 por cento das intenções de voto. Contudo, se os resultados apurados pela sondagem da Universidade Católica se verificarem, não está excluída a hipótese de a CDU perder um dos lugares de vereação.
A candidatura de Beatriz Gomes Dias reúne sete por cento das intenções de voto e, deste modo, o Bloco de Esquerda deverá manter o seu mandato.
Com cinco por cento dos votos estimados, Bruno Horta Soares, candidato da Iniciativa Liberal, ainda pode ser eleito vereador, de acordo com a distribuição de votos pelas várias candidaturas resultante da sondagem.
A candidatura de Manuela Gonzaga, do PAN, com três por cento dos votos, poderá assim falhar o objetivo de eleição de um vereador, tal como o Chega – também com três por cento -, cuja lista a Lisboa é liderada por Nuno Graciano. Outro dos estreantes na corrida autárquica, Tiago Matos Gomes, do Volt Portugal, tem um por cento das intenções de voto.
Quatro listas estão abaixo desta fasquia: o Nós, Cidadãos, liderado por Sofia Afonso Ferreira; o movimento cívico Somos Todos Lisboa, impulsionado por Ossanda Liber; o Partido Democrático Republicano, de Bruno Fialho, e o Ergue-te!, de João Patrocínio.
Medina lidera em quase todas as faixas etárias e níveis de escolaridade
Quando analisadas as intenções de voto por sexo, faixa etária e nível de escolaridade, a candidatura de Fernando Medina vence em quase todas as frentes. Tal como se verifica noutros concelhos, a diferença entre as intenções de voto no candidato do PS e no candidato do PSD é superior no grupo das pessoas com mais de 65 anos e com o ensino secundário por completar.
Trinta e nove por cento das pessoas com mais de 65 anos afirmaram que pretendem votar em Fernando Medina, enquanto apenas 16 por cento nessa faixa etária declarou preferência por Carlos Moedas. No grupo dos eleitores que não completaram o ensino secundário, 41 por cento declara intenção de votar no PS, enquanto 13 por cento refere o PSD, que é sempre a segunda força partidária.
A exceção vai para a faixa etária dos 13 aos 34 anos, que prefere Carlos Moedas, mas apenas com um ponto percentual de vantagem (19 por cento) face a Fernando Medina. Já no grupo dos eleitores com o ensino superior concluído, o atual presidente de câmara socialista tem três pontos percentuais de vantagem.
Apesar das preferências de voto, 74 por cento dos inquiridos crê que o atual presidente vai ser reeleito. Com 2,7 por cento de margem de erro, o estudo não faz qualquer estimativa do nível da abstenção, que em 2017 chegou aos 48,8 por cento.
“Sabemos que entre as pessoas que aceitaram participar na sondagem, 73 por cento dizem que vão votar de certeza. Mas este número nada nos diz sobre o comportamento eleitoral das muitas pessoas que foram contactadas e não quiseram participar na sondagem”, escrevem os autores do estudo.
Ficha Técnica
Este inquérito foi realizado pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a RTP e para o Público entre os dias 16 e 20 de setembro de 2021. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes e recenseados no concelho de Lisboa.
Foram selecionadas oito freguesias do concelho de modo a que as médias dos resultados eleitorais das eleições autárquicas de 2013 e 2017 nesse conjunto de freguesias (ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma) estivessem a menos de um por cento dos resultados dos cinco maiores partidos ao nível do concelho. Os domicílios em cada freguesia foram selecionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o próximo aniversariante recenseado eleitoralmente no concelho. Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e demonstraram vontade de participar.
Foram obtidos 1292 inquéritos válidos, sendo 54 por cento dos inquiridos mulheres. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários, freguesia e voto nas autárquicas 2017. A taxa de resposta foi de 39 por cento. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1292 inquiridos é de 2,7 por cento, com um nível de confiança de 95 por cento.
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