Os deputados da comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP reúnem-se esta quinta-feira para discutir e votar o relatório final. A relatora Ana Paula Bernardo, deputada socialista, acolheu completa ou parcialmente 48 de um total de 126 propostas de alteração ao documento preliminar apresentadas por PS, Chega, PCP e Bloco de Esquerda.
Entre as propostas acolhidas pela relatora figura a recomendação, por parte do Partido Comunista, de uma auditoria da Inspeção Geral das Finanças, com caráter de urgência, à transportadora aérea.
As formações representadas na comissão parlamentar tiveram até à passada segunda-feira para submeter propostas de alteração. PS, Chega, PCP e BE fizeram-no. PSD e Iniciativa Liberal optaram por não apresentar qualquer proposta.
Recorde-se que o relatório preliminar mereceu duras críticas por parte da oposição, que o consideraram desde uma "farsa" a um "frete ao Governo", ou uma "vergonha democrática". Em causa está o que estes partidos encaram como omissões graves.
Foi criticado o facto de não ter ficado registado que ocorreu ingerência política na TAP, tal como os incidentes da noite de 26 de abril no Ministério das Infraestruturas, caso que envolve o ministro João Galamba, o ex-ajunto Frederico Pinheiro e o SIS.
O Bloco de Esquerda propôs que a conduta do ministro das Infraestruturas fosse referida nas conclusões do relatório. Pretende ainda que fique aclarado que os fundos Airbus "consubstanciam um mecanismo de capitalização da TAP com dinheiro da própria empresa".Por sua vez, o Chega quer que o relatório conclua pela interferência do Governo na empresa, o que, advoga o partido de André Ventura, sucedeu de forma "deliberada e consciente".
Já os comunistas pretendem que o documento esclareça o que "verdadeiramente aconteceu" com os fundos Airbus e deixe vincado que o ex-ministro Pedro Marques sabia da situação, não o tendo reportado ao restante Executivo.O PCP entende ainda que ficou demonstrado que os processos de privatização produziram efeitos dramáticos para a companhia aérea.
O PSD, que vai votar contra, apresentou 26 conclusões para a declaração de voto a anexar ao relatório, aludindo ao "rol de alegados e potenciais crimes" na noite de 26 de abril. Sustenta ainda que "a responsabilidade futura do pagamento de indemnizações a Christine Widener e Manuel Beja, se alicerçadas no processo formal do despedimento, nomeadamente na escolha da justa causa, será de Fernando Medina e João Galamba".
O líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, considerou, por seu turno, que o relatório deveria mencionar que "houve ingerência política", "mentira", "incompetência". E que o Estado não pode "estar com a mão metida em empresas públicas".
c/ Lusa