"As pessoas querem estabilidade". PAN considera defender "preocupações da maioria dos portugueses"

por Inês Moreira Santos - RTP
Foto: João Marques - RTP

A porta-voz do PAN foi a entrevistada da noite de terça-feira no Telejornal - a quinta de uma série de entrevistas da RTP aos líderes dos partidos com assento parlamentar a dois meses das eleições legislativas antecipadas de 18 de maio. Inês Sousa Real acredita que "as causas e os valores" que o partido defende são as "preocupações da maioria dos portugueses" e lamenta a atual "instabilidade política".

Nas eleições para o Governo Regional da Madeira, que aconteceram no passado domingo, o PAN perdeu assento parlamentar. Apesar de admitir que o partido não desejava este resultado, Inês Sousa Real acredita que o mesmo não acontecerá na Assembleia da República porque os eleitores se revêem nos valores do PAN.

“O resultado que tivemos na Madeira não foi o resultado que nós desejávamos”
, reconheceu. “Mas sabemos que as causa e os valores que o PAN representa na Assembleia da República são precisamente as preocupações em que a maioria dos portugueses se revê e que quer ver representados no hemiciclo”.

Referindo a defesa dos direitos das mulheres, do acesso à habitação ou a causa animal como “preocupações” do partido Pessoas, Animais e Natureza, Inês Sousa Real frisou que são causas que “as pessoas sentem”.

“Por isso mesmo sabemos que estas preocupações, a par de outros desafios que o país enfrenta por conta desta instabilidade política, provocada pelo primeiro-ministro, (…) é evidente que estamos a falar para uma maioria”.

Apesar que apontar como “absolutamente irresponsável” a conduta de Luís Montenegro e de o culpar pela instabilidade política que levou a novas eleições, a porta-voz do PAN criticou ainda o presidente da República por dissolver “parlamento atrás de parlamento”.

“E não nos podemos esquecer que temos uma força política, como é o caso do Chega, que tem de forma oportunista aproveitado as emoções e a indignação das pessoas”, comentou ainda. “É normal que estejam chateadas. Nós devíamos estar neste momento a discutir os problemas de quem está lá em casa (…). E o que as pessoas querem é estabilidade”.

Sobre a crise climática e o investimento anunciado em barragens, a porta-voz do PAN reconheceu que há “uma grande dificuldade” em “harmonizar a preocupação com a escassez de água, mas também com aquilo que é a preservação de valores naturais”.

“Este investimento pode pôr em causa não só os territórios, porque a expansão do próprio regadio tem os seus problemas do ponto de vista do impacto ambiental. Mas vemos com muita incompreensão que depois sejam tomadas decisões que é o voto contra da AD (…) quando na Assembleia propomos medidas”.


Sem confirmar que o PAN se opõe a construção das barragens, Inês Sousa Real considerou que este investimento “deve estar sujeito a uma avaliação de impacto ambiental”. “Recordo que a última alteração à lei da água foi pela mão do PAN, na Assembleia da República, na passada legislatura”, acrescentou. “Nós defendemos a transição para um modelo de economia verde, mas tem de ser um modelo que respeite efetivamente todos estes valores que às vezes são difíceis de harmonizar”.

“O PAN vai regressar ao Parlamento. Queremos que as pessoas nos dêem mais força e mais representação”, disse ainda a deputada única do partido.

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