Lisboa, 23 mar (Lusa) - O secretário-geral do PS assumiu hoje como primeira prioridade educativa devolver "a paz" às escolas, num ponto em que criticou "os últimos governos", e traçou "uma linha vermelha" para rejeitar a diferenciação vocacional logo no Ensino Básico.
António Costa falava no encerramento de uma conferência promovida pelo PS subordinada ao tema das "Qualificações - recuperar o tempo perdido", que decorreu no Museu de História Natural e da Ciência, no Príncipe Real, em Lisboa.
Na sua intervenção, o líder socialista estabeleceu logo uma linha de demarcação face ao atual executivo, mas também (embora sem o mencionar especificamente) em relação ao estilo de atuação do governo de maioria absoluta de José Sócrates, defendendo em contraponto a urgência de "estabilizar a escola, deixá-la respirar e devolver-lhe paz".
"Os últimos anos, em vários governos - é preciso reconhecê-lo - têm sido traumáticos para a escola. Sou casado com uma ex-educadora vítima precisamente do stress a que os agentes educativos têm estado sujeitos nos últimos anos. Não é possível melhorar a qualidade da aprendizagem e mobilizar a comunidade educativa e as famílias sem que exista paz e tranquilidade nas escolas", sustentou o secretário-geral do PS.
Outro ponto marcante da sua intervenção foi "a garantia da igualdade no ensino" - um ponto em que fez duras críticas ao atual Governo.
"Recusaremos liminarmente a ideia de antecipar para o Básico as diferenciações vocacionais, porque, sobretudo numa idade precoce, representa prolongar na sociedade de forma duradoura fraturas sociais. Custa-me que 40 anos depois do 25 de Abril de 1974 se tente voltar ao período anterior à reforma de 1973. Esse é um retrocesso que não podemos aceitar e que temos de fazer uma muralha, uma linha vermelha sobre a qual não é possível transigir", frisou o secretário-geral do PS.