O líder do Chega esteve esta terça-feira na RTP para a primeira de uma série de entrevistas aos líderes partidários antes das Legislativas antecipadas. Duas ideias foram deixadas esta noite: o Chega quer ser a terceira força partidária já em Janeiro, com o objectivo dos 15%, e apenas apoiará o PSD num governo se forem dados quatro ministérios ao Chega, dois deles o da Justiça e da Administração Interna.
O crescimento do Chega foi outra ideia que André Ventura fez questão de deixar a abrir e a fechar a entrevista. “O nosso objetivo é os 15%”, afirmou Ventura, justificando a fasquia com o que diz ser um crescimento sustentado nas sondagens e nos números que ele próprio conseguiu nas Presidenciais.
Sobre a relação com o PSD, avisa que apenas apoiará os social-democratas se forem dados quatro ministérios ao Chega: Segurança Social, Agricultura, Justiça e Administração Interna. Ventura avisa que esta exigência é incontornável, porque “o Chega não vai ser muleta de ninguém”.
Trata-se de uma linha vermelha para o apoio aos social-democratas também – refere Ventura – porque o PSD não consegue sozinho “fazer as reformas” necessárias.
O líder do Chega criticou duramente a Constituição da República, que vê como um documento negociado “entre os partidos e o MFA” mas que, na sua opinião, já não traduz a realidade portuguesa.
“A Constituição não é a Bíblia”, sublinhou.
Outra das bandeiras há muito agitadas por André Ventura foi a questão dos subsídios: “Queremos tirar os subsídios a quem não quer trabalhar”. Rejeitando a ideia de estar sempre a atacar os ciganos, Ventura assegura que a sua convicção é de que a subsidiodependência é para anular em qualquer lado.
Ventura defendeu ainda o slogan recentemente agitado em congresso “Deus, pátria, família e trabalho. É nisso que eu acredito”. Dizendo-se católico, lamentou que a religião esteja afastada da política. Mas, face à possibilidade de ser colado a Salazar - que apontava “Deus, pátria e família” como pilares da sociedade do antigo regime-, Ventura afirmou ser “tudo menos um filho do Estado Novo”.