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Ana Jorge nega ter retirado benefício próprio na Santa Casa da Misericórdia

por RTP
Miguel A. Lopes - Lusa

Ana Jorge reagiu esta quarta-feira às acusações que a ministra do Trabalho lhe dirigiu em entrevista à RTP. A provedora exonerada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa recusa ter retirado benefício próprio na instituição e mostra-se perplexa com as acusações de inação.

Em entrevista à RTP, na terça-feira, a ministra do Trabalho e de Segurança Social acusou a Mesa e a provedora da Santa Casa de se terem beneficiado “a si próprios, em detrimento “de todas as pessoas que estão na operação”, muitas delas a receber perto do salário mínimo.

“Os da Mesa [da SCML] até foram aumentados, estranhámos. (…) Beneficiaram-se a si próprios”, criticou a ministra.

Em declarações à Rádio Renascença, esta quarta-feira, Ana Jorge negou, de forma categórica, as acusações da ministra. "Nego profundamente essa declaração e é preciso justificar qual é o benefício próprio”, respondeu.

“Sobre os aumentos de vencimento da mesa, não há nenhum aumento. Não há nada decidido em mesa desde há vários anos e esta mesa não pronunciou nada sobre isso”, explicou Ana Jorge, mais tarde, em declarações aos jornalistas.
Lembrando que 2023 “foi um ano muito duro”, a provedora exonerada garante que fez tudo para que “a Santa Casa continuasse a ser a Santa Casa, a bem das pessoas que tem apoiado”.
Ana Jorge argumenta que foi um período de “grandes reorganizações internas”, em que a preocupação foi “encontrar soluções para os trabalhadores, melhorando principalmente aqueles que têm ordenados mais baixos”.

"Conseguimos manter toda a atividade, fizemos grandes reorganizações internas. Portanto, terei oportunidade, de hoje a oito dias, de explicar e de levar dados e informação detalhada sobre tudo aquilo que a Mesa da Santa Casa fez", declarou.
Sobre as acusações de inação para corrigir a situação financeira da instituição, Ana Jorge mostra-se perplexa e observa que "em 12 dias, a senhora ministra dificilmente terá a informação toda sobre a atividade da Santa Casa”.

“Estamos a fazer e fizemos uma reorganização da Santa Casa quer do ponto de vista financeiro, quer do ponto de vista da reorganização que é importante ser feita na Santa Casa”, afirmou Ana Jorge, remetendo para as audições da próxima semana na Assembleia da República a explicação de todos os detalhes.

“Temos um plano que vamos demonstrar na Assembleia da República na próxima quarta-feira”, disse Ana Jorge. “Irei mostrar com números o que é correto”, rematou.
"Total inação"

A ministra do Trabalho declarou que a exoneração da Mesa da SCML se deveu a “razões absolutamente de gestão” e à ausência de um plano de reestruturação, rejeitando assim as acusações de “saneamento político”.

Maria do Rosário Palma Ramalho acusou Ana Jorge de “total inação” e má gestão à frente da Santa Casa, afirmando que esse foi o motivo da sua exoneração.

“[A provedora] não fez nada (…). Nem me passava pela cabeça que ela não tivesse um plano de restruturação financeira, que não tivesse nenhum dado sobre execução orçamental do primeiro trimestre, que não tivesse feito nada”, revelou a ministra à RTP.

A exoneração da mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi anunciada pelo Governo a semana passada. O Executivo justificou a decisão por a equipa "se ter revelado incapaz de enfrentar os graves problemas financeiros e operacionais da instituição".

Antigos responsáveis da SCML, como o ex-secretário de Estado da Internacionalização Eurico Brilhante Dias e o ex-provedor Edmundo Martinho, começaram, esta quarta-feira, a ser ouvidos no Parlamento.

As audições foram requeridas pela Iniciativa Liberal e pelo Chega para discutir a situação financeira da instituição e sobre o negócio da internacionalização dos jogos sociais, na sequência da exoneração da provedora da SCML.

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