Alegre sugere paragem na corrida para "diligências"
O cenário de uma intervenção do FMI em Portugal, por via do fundo europeu de estabilização, está a dominar os guiões dos candidatos às Presidenciais. Manuel Alegre admite mesmo suspender a campanha para que Cavaco Silva retorne à pele de Chefe de Estado e faça “diligências” para aliviar a “pressão especulativa” ao país. Uma sugestão que o candidato à reeleição encara como um sinal de "ignorância", embora admita que “a situação é séria”.
Foi à entrada para um comício na Marinha Grande, na noite de segunda-feira, que Manuel Alegre falou de uma possível interrupção da campanha para as eleições de 23 de janeiro. Nas palavras do candidato apoiado pelo PS e pelo Bloco de Esquerda, “este é o momento de os portugueses se unirem independentemente das suas posições políticas e ideológicas”.
“Se o senhor Presidente quiser fazer diligências junto de outros chefes de Estado, junto de entidades europeias, para explicar que esta situação é injusta para Portugal, que estamos perante uma pressão especulativa que não corresponde à situação económica do país, se quiser fazer essas diligências e inclusivamente interromper a campanha, terá a minha compreensão e terá o meu apoio”, lançou Alegre, para quem Cavaco Silva deve “dar o exemplo de resistência” a uma intervenção externa em Portugal.
“Este é o momento de os portugueses resistirem e de colocarem o interesse nacional acima de outras considerações, cálculos eleitoralistas e declarações irresponsáveis que estão a enganar os portugueses”, insistiu.
Ainda assim, o antigo deputado socialista não deixou de considerar que o Presidente da República tem mostrado uma atitude “excessivamente passiva” e “muito próxima daqueles que sorriem quando se fala do FMI em Portugal”.
“A situação é séria”
Para Cavaco Silva, o repto de Manuel Alegre é um indicador de "ignorância da política externa", pelo que não deve ser comentado. "Repito, não são os chefes de Estado estrangeiros que impõem a vinda do fundo de estabilização europeu para Portugal, é o próprio Governo que tem que requerer e pedir expressamente que ele venha", reagiu hoje Cavaco.
Na noite anterior, ao intervir perante os seus apoiantes, o candidato a novo mandato em Belém defendia que o país precisava de recuar ao tempo em que “era respeitado, era credível e se apresentava de cara bem levantada perante a comunidade internacional”, reclamando-se detentor da “experiência para lidar com situações particularmente difíceis”: “E podemos vir a lidar com algumas bem difíceis, no domínio económico, no domínio político, no domínio social”.
Foi em tom semelhante que Cavaco Silva falou, na Grande Entrevista da RTP, da possibilidade de o país vir a recorrer ao fundo europeu de estabilização e, por essa via, ao Fundo Monetário Internacional, perante a escalada dos juros da dívida soberana. O candidato apoiado por PSD, CDS-PP e MEP não afastou esse cenário, advertindo para eventuais consequências no plano social.
“Só se Portugal tiver que recorrer ao fundo de estabilização europeu é que o Fundo Monetário Internacional se juntará. E vale a pena nós interrogarmo-nos quando é que um país precisa de recorrer a esse fundo de estabilização europeu”, principiou o candidato. “É quando o país não consegue obter nos mercados internacionais, junto das instituições financeiras internacionais, os financiamentos necessários para pagar os empréstimos que contraiu no passado”, prosseguiu.
“A situação é séria. Mas o Governo disse de uma forma muito clara que está a fazer tudo aquilo que está ao seu alcance para evitar o recurso ao fundo de estabilização europeu. Eu entendo, como Presidente da República que ainda sou e candidato, que também sou, que não devo especular sobre o recurso ou não a esse fundo de estabilização europeu porque isso podia dificultar a ação que o Governo está a desenvolver para o evitar”, sublinhou Cavaco.
A verificar-se uma intervenção do mecanismo europeu suportado pelo FMI, afirmou ainda Cavaco Silva, o país terá de “manter um clima de coesão”, com “um diálogo entre forças políticas”. “O que receio, e por isso gostaria bastante que esse fundo não entrasse em Portugal, é que esses analistas que vêm da Comissão Europeia e que podem vir também do Fundo Monetário Internacional não tenham um conhecimento suficientemente profundo da situação social portuguesa”, admitiu.
“Só o futuro dirá”
Questionado sobre uma recente entrevista do presidente do PSD à TSF e ao Diário de Notícias, na qual Pedro Passos Coelho aponta para a convocação de eleições legislativas antecipadas, caso o FMI seja chamado ao país, Cavaco Silva escusou-se a aclarar o que faria perante a aprovação de uma moção de censura na Assembleia da República. “Gostaria que não ocorresse uma crise política no país”, reiterou o candidato, sem deixar de ressalvar que “a estabilidade não é um fim em si mesmo, é um meio”.
O destino do Executivo de José Sócrates em 2011 esteve também em destaque no dia de campanha de Fernando Nobre. Horas antes da entrevista de Cavaco à RTP, o candidato independente recusara-se a ligar a eventual intervenção do FMI em Portugal ao colapso do Governo socialista, que, enfatizou, “tem o apoio na Assembleia da República”.
“Caberá ao Presidente da República ajuizar no momento se é altura de o demitir. Se for eu, ajuizarei no momento, conhecedor então dos dossiês reais da nossa economia. Se entender que o país está numa situação de impasse em relação ao futuro dos portugueses, não hesitarei em atuar quando tiver de atuar, seja com este ou com qualquer outro governo. Só o futuro dirá”, antecipou Nobre, acrescentando que “todos falhámos” se o FMI “entrar em Portugal”.
Da candidatura de Francisco Lopes partiram críticas àqueles que estão “a convocar o FMI e a União Europeia” e que assim procuram “uma sigla qualquer” que ”os possa desculpabilizar”. “O que eles querem é que na linha de agravamento dos problemas nacionais, de extorsão ao erário público, de empobrecimento do povo português, terem uma sigla qualquer que, no futuro, os possa desculpabilizar, para dizerem não somos nós, é o FMI e a União Europeia”, reagiu o candidato comunista, que discursava num comício no Seixal.
“Ex-imaculado” Cavaco Silva
Com a campanha eleitoral a entrar em plena marcha, Cavaco Silva foi uma vez mais o alvo preferencial da ofensiva política do candidato Defensor Moura, que, em Matosinhos, disse ter por adversário “o ex-imaculado Cavaco Silva”: “Eu vou afirmar continuamente que não é isento, é desleal e que favorece os amigos e correligionários e por isso não está indicado para ser Presidente da República”.
O deputado socialista aproveitou uma deslocação ao Porto de Leixões para afirmar que gosta “muito do mar”, por oposição a Cavaco Silva, que “só agora o descobriu”. “Quer-se voltar agora para o mar depois de ter desativado a frota pesqueira e pago para serem destruídos os barcos da nossa marinha mercante. Agora descobriu o mar”, criticou.
No Funchal, José Manuel Coelho desferiu também um novo ataque a Cavaco, sustentando que votar no atual Presidente da República é “tornar Portugal um país novamente adiado”.
“Se o senhor Presidente quiser fazer diligências junto de outros chefes de Estado, junto de entidades europeias, para explicar que esta situação é injusta para Portugal, que estamos perante uma pressão especulativa que não corresponde à situação económica do país, se quiser fazer essas diligências e inclusivamente interromper a campanha, terá a minha compreensão e terá o meu apoio”, lançou Alegre, para quem Cavaco Silva deve “dar o exemplo de resistência” a uma intervenção externa em Portugal.
“Este é o momento de os portugueses resistirem e de colocarem o interesse nacional acima de outras considerações, cálculos eleitoralistas e declarações irresponsáveis que estão a enganar os portugueses”, insistiu.
Ainda assim, o antigo deputado socialista não deixou de considerar que o Presidente da República tem mostrado uma atitude “excessivamente passiva” e “muito próxima daqueles que sorriem quando se fala do FMI em Portugal”.
“A situação é séria”
Para Cavaco Silva, o repto de Manuel Alegre é um indicador de "ignorância da política externa", pelo que não deve ser comentado. "Repito, não são os chefes de Estado estrangeiros que impõem a vinda do fundo de estabilização europeu para Portugal, é o próprio Governo que tem que requerer e pedir expressamente que ele venha", reagiu hoje Cavaco.
Na noite anterior, ao intervir perante os seus apoiantes, o candidato a novo mandato em Belém defendia que o país precisava de recuar ao tempo em que “era respeitado, era credível e se apresentava de cara bem levantada perante a comunidade internacional”, reclamando-se detentor da “experiência para lidar com situações particularmente difíceis”: “E podemos vir a lidar com algumas bem difíceis, no domínio económico, no domínio político, no domínio social”.
Foi em tom semelhante que Cavaco Silva falou, na Grande Entrevista da RTP, da possibilidade de o país vir a recorrer ao fundo europeu de estabilização e, por essa via, ao Fundo Monetário Internacional, perante a escalada dos juros da dívida soberana. O candidato apoiado por PSD, CDS-PP e MEP não afastou esse cenário, advertindo para eventuais consequências no plano social.
“Só se Portugal tiver que recorrer ao fundo de estabilização europeu é que o Fundo Monetário Internacional se juntará. E vale a pena nós interrogarmo-nos quando é que um país precisa de recorrer a esse fundo de estabilização europeu”, principiou o candidato. “É quando o país não consegue obter nos mercados internacionais, junto das instituições financeiras internacionais, os financiamentos necessários para pagar os empréstimos que contraiu no passado”, prosseguiu.
“A situação é séria. Mas o Governo disse de uma forma muito clara que está a fazer tudo aquilo que está ao seu alcance para evitar o recurso ao fundo de estabilização europeu. Eu entendo, como Presidente da República que ainda sou e candidato, que também sou, que não devo especular sobre o recurso ou não a esse fundo de estabilização europeu porque isso podia dificultar a ação que o Governo está a desenvolver para o evitar”, sublinhou Cavaco.
A verificar-se uma intervenção do mecanismo europeu suportado pelo FMI, afirmou ainda Cavaco Silva, o país terá de “manter um clima de coesão”, com “um diálogo entre forças políticas”. “O que receio, e por isso gostaria bastante que esse fundo não entrasse em Portugal, é que esses analistas que vêm da Comissão Europeia e que podem vir também do Fundo Monetário Internacional não tenham um conhecimento suficientemente profundo da situação social portuguesa”, admitiu.
“Só o futuro dirá”
Questionado sobre uma recente entrevista do presidente do PSD à TSF e ao Diário de Notícias, na qual Pedro Passos Coelho aponta para a convocação de eleições legislativas antecipadas, caso o FMI seja chamado ao país, Cavaco Silva escusou-se a aclarar o que faria perante a aprovação de uma moção de censura na Assembleia da República. “Gostaria que não ocorresse uma crise política no país”, reiterou o candidato, sem deixar de ressalvar que “a estabilidade não é um fim em si mesmo, é um meio”.
O destino do Executivo de José Sócrates em 2011 esteve também em destaque no dia de campanha de Fernando Nobre. Horas antes da entrevista de Cavaco à RTP, o candidato independente recusara-se a ligar a eventual intervenção do FMI em Portugal ao colapso do Governo socialista, que, enfatizou, “tem o apoio na Assembleia da República”.
“Caberá ao Presidente da República ajuizar no momento se é altura de o demitir. Se for eu, ajuizarei no momento, conhecedor então dos dossiês reais da nossa economia. Se entender que o país está numa situação de impasse em relação ao futuro dos portugueses, não hesitarei em atuar quando tiver de atuar, seja com este ou com qualquer outro governo. Só o futuro dirá”, antecipou Nobre, acrescentando que “todos falhámos” se o FMI “entrar em Portugal”.
Da candidatura de Francisco Lopes partiram críticas àqueles que estão “a convocar o FMI e a União Europeia” e que assim procuram “uma sigla qualquer” que ”os possa desculpabilizar”. “O que eles querem é que na linha de agravamento dos problemas nacionais, de extorsão ao erário público, de empobrecimento do povo português, terem uma sigla qualquer que, no futuro, os possa desculpabilizar, para dizerem não somos nós, é o FMI e a União Europeia”, reagiu o candidato comunista, que discursava num comício no Seixal.
“Ex-imaculado” Cavaco Silva
Com a campanha eleitoral a entrar em plena marcha, Cavaco Silva foi uma vez mais o alvo preferencial da ofensiva política do candidato Defensor Moura, que, em Matosinhos, disse ter por adversário “o ex-imaculado Cavaco Silva”: “Eu vou afirmar continuamente que não é isento, é desleal e que favorece os amigos e correligionários e por isso não está indicado para ser Presidente da República”.
O deputado socialista aproveitou uma deslocação ao Porto de Leixões para afirmar que gosta “muito do mar”, por oposição a Cavaco Silva, que “só agora o descobriu”. “Quer-se voltar agora para o mar depois de ter desativado a frota pesqueira e pago para serem destruídos os barcos da nossa marinha mercante. Agora descobriu o mar”, criticou.
No Funchal, José Manuel Coelho desferiu também um novo ataque a Cavaco, sustentando que votar no atual Presidente da República é “tornar Portugal um país novamente adiado”.
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