Numa missiva enviada esta segunda-feira aos presidentes dos grupos parlamentares e à deputada do PAN, José Pedro Aguiar-Branco salientava a importância de ouvir os antigos presidentes do Tribunal Constitucional sobre esta temática, considerando que se justifica uma "análise detalhada do ponto de vista jurídico-constitucional".
A carta em causa foi também enviada aos vice-presidentes do Parlamento e
membros da mesa sobre a agenda da próxima reunião da conferência de
líderes.
O presidente da AR pretendia ouvir José Manuel Cardoso da Costa, Rui Moura Ramos, Joaquim Sousa Ribeiro, Manuel da Costa Andrade e João Caupers.
Aguiar-Branco pedia uma resposta dos partidos "até às 19h00 do dia de hoje". Se os partidos não respondessem haveria uma "aceitação" do que foi proposto. PS, Bloco de Esquerda, PCP e Livre opuseram-se que estas personalidades fossem já chamadas ao Parlamento e querem que o assunto seja debatido primeiro entre os líderes parlamentares.
Entre os partidos à esquerda, o PCP vai mais longe e afirma que o regimento da Assembleia da República já dispõe de normas que atribuem ao presidente do Parlamento e que devem ser exercidas por este.
Os cinco antigos presidentes do Tribunal
Constitucional já tinham manifestado disponibilidade para estar na
Assembleia da República.
A RTP sabe que o presidente da AR está a ponderar um modelo alternativo.
Com esta proposta, o presidente da Assembleia da República esperava que os
antigos presidentes da AR pudessem "partilhar a sua leitura e possíveis
implicações", sobretudo quando os deputados "beneficiam de um reforço
de liberdade de expressão quando se encontrem no exerício de funções,
através do instituto das imunidades parlamentares".
"Será abordado o assunto do âmbito e dos limites da liberdade de expressão dos senhores deputados e a sua eventual compatibilização com a fixação de linhas vermelhas", salientava Aguiar-Branco.
A presença dos antigos presidentes do TC "seria circunscrita à discussão deste ponto e a título meramente introdutório, prosseguindo a discussão, apenas com a presença dos membros da Conferência de Líderes".
Em causa estão os acontecimentos da última sexta-feira, em plenário, quando o líder do Chega se referiu às capacidades de trabalho do povo turco a propósito de uma discussão sobre o tempo de construção do novo aeroporto de Lisboa.
Na altura, as bancadas do Bloco de Esquerda, Livre e Partido Socialista defenderam a intervenção do presidente da Assembleia da República para impedir este tipo de discursos, que consideram xenófobos.
O presidente da Assembleia de República propõe que a conferência de líderes possa ocorrer antecipadamente, pelas 10h00 de quarta-feira, de forma a "não prejudicar os trabalhos".