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Aguiar-Branco queria ouvir explicações de ex-presidentes do TC, partidos de esquerda rejeitaram proposta

por RTP
Foto: Miguel A. Lopes - Lusa

O presidente da Assembleia da República propôs aos vários grupos parlamentares a audição de antigos presidentes do Tribunal Constitucional sobre a liberdade de expressão dos deputados e a compatibilização com eventuais "linhas vermelhas". No entanto, não houve consenso dos partidos à esquerda.

Numa missiva enviada esta segunda-feira aos presidentes dos grupos parlamentares e à deputada do PAN, José Pedro Aguiar-Branco salientava a importância de ouvir os antigos presidentes do Tribunal Constitucional sobre esta temática, considerando que se justifica uma "análise detalhada do ponto de vista jurídico-constitucional". A carta em causa foi também enviada aos vice-presidentes do Parlamento e membros da mesa sobre a agenda da próxima reunião da conferência de líderes.

O presidente da AR pretendia ouvir José Manuel Cardoso da Costa, Rui Moura Ramos, Joaquim Sousa Ribeiro, Manuel da Costa Andrade e João Caupers.

Aguiar-Branco pedia uma resposta dos partidos "até às 19h00 do dia de hoje". Se os partidos não respondessem haveria uma "aceitação" do que foi proposto. PS, Bloco de Esquerda, PCP e Livre opuseram-se que estas personalidades fossem já chamadas ao Parlamento e querem que o assunto seja debatido primeiro entre os líderes parlamentares.

Entre os partidos à esquerda, o PCP vai mais longe e afirma que o regimento da Assembleia da República já dispõe de normas que atribuem ao presidente do Parlamento e que devem ser exercidas por este.
Os cinco antigos presidentes do Tribunal Constitucional já tinham manifestado disponibilidade para estar na Assembleia da República.

A RTP sabe que o presidente da AR está a ponderar um modelo alternativo.

Com esta proposta, o presidente da Assembleia da República esperava que os antigos presidentes da AR pudessem "partilhar a sua leitura e possíveis implicações", sobretudo quando os deputados "beneficiam de um reforço de liberdade de expressão quando se encontrem no exerício de funções, através do instituto das imunidades parlamentares".

"Será abordado o assunto do âmbito e dos limites da liberdade de expressão dos senhores deputados e a sua eventual compatibilização com a fixação de linhas vermelhas", salientava Aguiar-Branco. 

A presença dos antigos presidentes do TC "seria circunscrita à discussão deste ponto e a título meramente introdutório, prosseguindo a discussão, apenas com a presença dos membros da Conferência de Líderes".

Em causa estão os acontecimentos da última sexta-feira, em plenário, quando o líder do Chega se referiu às capacidades de trabalho do povo turco a propósito de uma discussão sobre o tempo de construção do novo aeroporto de Lisboa.

Na altura, as bancadas do Bloco de Esquerda, Livre e Partido Socialista defenderam a intervenção do presidente da Assembleia da República para impedir este tipo de discursos, que consideram xenófobos.

O presidente da Assembleia de República propõe que a conferência de líderes possa ocorrer antecipadamente, pelas 10h00 de quarta-feira, de forma a "não prejudicar os trabalhos".
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