AD alcança vitória ténue, Chega cimenta-se como terceira força política
A noite eleitoral deste domingo foi de enorme incerteza até ao último minuto. Numa altura em que faltam apenas apurar os votos da emigração, os resultados apontam para uma vitória escassa da Aliança Democrática e a consolidação do Chega como terceira força política. Destaque ainda para a redução significava da abstenção, que registou o valor mais baixo em três décadas. Apesar de os resultados serem ainda incertos, Pedro Nuno Santos já admitiu a derrota e Luís Montenegro expressou "expectativa" de ser indigitado por Marcelo Rebelo de Sousa.
Com o fecho da contabilização do Parlamento dependente da contagem dos votos da emigração, os resultados apurados até ao momento apontam para uma vitória da AD com 29,49% (incluindo os votos da Madeira), o que corresponde a 79 lugares no Parlamento. Logo atrás surge o PS, com 77 deputados (28,66% dos votos).
A noite fica marcada pela subida acentuada do Chega, que alcançou 18,06% dos votos. O partido de André Ventura cimenta-se, assim, como terceira força política, passando de 12 deputados para 48.
Em quarto lugar surge a Iniciativa Liberal (5,08%), que mantém os oito deputados na Assembleia. Segue-se o Bloco de Esquerda (4,46%) que também mantém os seus cinco deputados e o PCP e o Livre, com quatro votos cada. O PAN arrecadou 1,93% dos votos, conseguindo manter o único deputado no Parlamento.
A noite foi também de vitória para o CDS que garantiu o regresso ao Parlamento com a eleição do presidente Nuno Melo.
Nestas eleições, o destaque vai também para a abstenção, que desceu para 33,77%, o valor mais baixo em três décadas.
Pedro Nuno Santos assume derrota, Luís Montenegro espera ser indigitado
No final de uma noite eleitoral com contas ainda por fechar, Luís Montenegro declarou vitória e afirmou que, face aos resultados, espera que o presidente da República o indigite para formar Governo.
“No nosso entendimento, os portugueses falaram e disseram: em primeiro lugar, queriam mudar de governo; em segundo lugar, que queriam mudar de políticas; em terceiro lugar, querem que os grandes partidos possam apresentar-se de forma renovada e com capacidade de inovar e em quarto lugar disseram que os partidos políticos, nomeadamente os que têm participação parlamentar, devem privilegiar mais o diálogo e a concertação entre líder e entre partidos”, declarou.
“Face a isto e face à vitória eleitoral, é minha expectativa fundada que o presidente da República me possa indigitar para formar governo”, acrescentou.
Pedro Nuno Santos, por sua vez, assumiu a derrota apesar da “diferença tangencial”, considerando que os votos dos círculos eleitorais da Europa e fora da Europa “não permitirão ao PS ser o partido mais votado”.
“Não vale a pena fazer de conta nem manter o país em suspenso durante 15 dias”, declarou.
O líder do PS felicitou a AD pela vitória e assumiu que o partido “vai liderar a oposição”. “Seremos oposição, renovaremos o partido e procuraremos recuperar os portugueses descontentes com o PS. Essa é a nossa tarefa daqui para a frente", declarou Pedro Nuno Santos no seu discurso final na noite eleitoral.
Pedro Nuno Santos garantiu que o PS irá viabilizar um governo minoritário da AD, não votando qualquer moção de rejeição a tal executivo, mas salientou que vai liderar a oposição, sem suportar a próximo solução governativa no Parlamento.
“A direita ou a AD que não conte com o PS para os suportar", declarou.
No novo Parlamento, a AD necessitaria do Chega para alcançar uma maioria absoluta de deputados. Mas Luís Montenegro assegurou que irá manter a linha vermelha traçada durante a campanha.
Questionado pelos jornalistas sobre a posição da AD face ao Chega, o líder do PSD reiterou: "Não é não".
Montenegro respondeu, assim, a André Ventura, que no seu discurso final deixou um recado à AD, afirmando que "só um líder e um partido muito irresponsável deixarão o PS governar quando temos na nossa mão a possibilidade de fazer um governo de mudança".