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25 de Novembro: PCP recusa ter ficado "isolado", CDS-PP salienta "momento de afirmação"

por João Alexandre - Antena 1

Gonçalo Costa Martins - Antena 1

O PCP insiste que assinalar o 25 de Novembro é ir ao encontro de "forças reacionárias". CDS-PP lamenta ausência dos comunistas da sessão da AR. PS acusa direita de querer "reescrever a história".

O PCP rejeita a ideia de que o partido fica "isolado" ao faltar à sessão solene evocativa do 25 de Novembro que se vai realizar na Assembleia da República.

"Nós estaríamos isolados se não estivéssemos ao lado do povo português. Ora, o povo português manifestou-se efusivamente nos 50 anos do 25 de Abril. Essas comemorações são as comemorações do povo e o PCP está com o povo. Portanto, desse ponto de vista, não estamos isolados", diz, em declarações à Antena 1, Vasco Cardoso, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP.

De acordo com o dirigente comunista, a decisão de assinalar a data é uma "operação" que tem como objetivo recuperar "concepções e valores reacionários" que estiveram presentes no 25 de novembro de 1975.

No programa Entre Políticos, Vasco Cardoso afirmou ainda que há uma opção da maioria parlamentar constituída por PSD e CDS-PP de ir ao encontro de uma agenda com dois objetivos prioritários.
"Por um lado, equiparar um golpe contra-revolucionário dos vários que existiram a seguir ao 25 de Abril com aquele que é o momento maior da história contemporânea do nosso país, que é o 25 de Abril. Por outro lado, a agenda das privatizações, do ataque aos direitos dos trabalhadores, da promoção da guerra e do ataque a valores democráticos que estiveram bem vivos e que precisam de ser salvaguardados", sublinhou.

Na Antena 1, o dirigente do PCP assinala ainda a "satisfação" de Chega e Iniciativa Liberal com uma "velha aspiração dos setores mais reacionários da sociedade, considerando que a decisão do parlamento não se pode desligar do "próprio ambiente político em que vivemos, com o crescimento de forças e setores mais reacionários".
"Não estava à espera que o PCP desertasse", diz líder parlamentar do CDS-PP
O CDS-PP mostra-se satisfeito com a realização da sessão solene do 25 de Abril no parlamento e diz não compreender a decisão do PCP de estar ausente da cerimónia.
"Surpreendeu-me a posição do Partido Comunista Português. Tenho PCP como um partido institucionalista e, por isso, estava à espera que marcasse presença numa sessão solene do parlamento que foi decidida pela maioria dos deputados que representam a maioria do povo português", diz, em declarações à Antena 1, Paulo Núncio, que acrescenta: "Não estava à espera que o PCP desertasse e fugisse".

Para o ex-secretário de Estado e atual líder parlamentar do CDS-PP, a aprovação da sessão solene na Assembleia da República é também um marco importante para os centristas.

"É um momento de afirmação. Enquanto partido fundador da democracia portuguesa, o CDS-PP sempre se bateu para que o 25 de novembro não fosse esquecido e não fosse ignorado. Bateu-se para que fosse valorizado e celebrado, principalmente para mostrar às novas gerações que os valores da democracia são valores que têm que ser defendidos a cada momento", disse Paulo Núncio, que remata: "O PCP ficou do outro lado".
"Sessão no parlamento é tentatva de reescrever a história", afirma Eurico Brilhante Dias
Pelo PS, o ex-líder parlamentar, Eurico Brilhante Dias, afirma que os moldes em que vai decorrer a sessão solene no parlamento não marca as devidas diferenças entre o 25 de Abril e o 25 de Novembro.
"Não marca. Evidentemente que não marca", sublinha, na Antena 1, o socialista, que acusa a maioria parlamentar à direita de procurar afirmar uma realidade alternativa no ano em que se assinalam cinco décadas sobre o 25 de Abril.

"Tenta reescrever a história considerando que, de 25 de Abril de 1974 até 25 de Novembro de 1975, o país não foi uma democracia em formação", afirma o deputado do PS, que insiste que o período pós-revolução deve ser lido à luz da época.

"Teve a participação de diferentes atores, com excessos normais de um regime que nasce depois de destapar uma panela de pressão de 48 anos de ditadura e fascismo, de presos políticos, de um campo de concentração no Tarrafal", diz. Eurico Brilhante Dias, que considera ainda: "A 25 de novembro é impedido que o Partido Comunista Português volte à clandestinidade como tinha estado durante 48 anos".

Nesse sentido, o antigo secretário de Estado e ex-líder parlamentar do PS salienta que o 25 de novembro é uma "data importante", mas que está incluída num "processo democrático que nasce no 25 de abril de 1974", considerando que é essencial asinalar o 25 de Novembro "no quadro de um processo revolucionário que acabou com uma ditadura de 48 anos e com uma ditadura de direita conservadora, ultraconservadora fascista".

"Estranhamos - para não dizer que discordamos - de uma certa tentativa de equivalência do 25 de Novembro de 1975 àquilo que é uma data fundadora, única e irrepetível", conclui.
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