25 de Abril. "Se pudesse, o papa Francisco descia a Avenida da Liberdade"
O PS não concorda com a decisão do Governo de adiar as celebrações relativas ao 25 de Abril - por causa do luto nacional decretado após a morte do papa Francisco - e considera que o Executivo de Luís Montenegro tinha outras opções.
"O último chefe de Estado que morreu - e a propósito do qual foi decretado luto nacional - foi a Rainha Isabel II. O luto nacional não foi decretado no dia da sua morte. Foi decretado no dia anterior ao funeral, no dia do funeral e no dia seguinte ao funeral. Ou seja, o Governo tinha outra opção, é essa a conclusão", insiste o ex-secretário de Estado.
E dá o exemplo do que acontece, por estes dias, em Itália: "Em Itália, onde é feito o funeral, o dia 25 é o dia da festa nacional [de Itália] e nem um Governo de extrema-direita anulou a festividade do dia nacional, embora tenha sugerido alguma sobriedade nessa celebração". Para o deputado do PS, o 25 de abril é também uma celebração "aos ideais do Papa Francisco" e o Governo podia ter a opção de "decretar os mesmos 3 dias de luto nacional a partir do dia 26 de abril".
Para Alexandre Poço, vice-presidente do PSD, o debate em torno do anúncio do adiamento das "festividades" não faz sentido, até porque, entende o deputado, é uma "decorrência natural" do luto nacional decretado pelo Executivo de Luís Montenegro.
"Vejo como uma decorrência natural de estarmos em período de luto nacional, com bandeiras a meia haste. Amanhã [dia 25 de Abril] vamos ter um voto pesar por parte do presidente da Assembleia da República - que será lido e votado antes dos discursos tradicionais e habituais da Sessão Solene do 25 de Abril. Portanto, não faço daqui uma leitura extraordinária. Acho que é um bocado esticado querer fazer daqui outro tipo de leituras ou retirar outro tipo de conclusões", diz, em declarações à Antena 1.
O dirigente social-democrata salienta ainda que o Governo vai estar presente na Sessão Solene do 25 de Abril no parlamento, mas, quanto às festividades adiadas e ao cancelamento da presença de governantes em cerimónias, sublinha: "Penso que [o centro da questão] será mais a participação de membros do Governo em eventos ou festividades para os quais tenham sido convidados". E assinala: "Penso que os portugueses acompanham a decisão do Governo de ter decretado luto nacional pela morte do Papa Francisco. Um Papa muito querido e muito respeitado pelo povo português, com o qual teve uma ligação fortíssima".
Joana Cordeiro, deputada e candidata da IL, considera que o Governo errou na forma como comunicou o adiamento das celebrações do 25 de abril e defende que as palavras do ministro da Presidência, António Leitão Amaro não foram esclarecedoras.
"É a criação de ruído numa altura em que era completamente escusado. E, portanto, cria aqui uma polémica numa data que deve ser comemorada com toda a dignidade. Não sei o que é que o Governo quis fazer com este anúncio, sinceramente", insistiu, na Antena 1.
A dirigente liberal aponta ainda "falta de competência" aos membros do Executivo, mas também problemas de comunicação, que, diz, estivera, na origem da polémica. "Isto é claramente uma falta de competência e uma falta de capacidade de comunicação. O 25 de Abril vai ser comemorado como sempre foi e, portanto, isto é uma polémica que, na nossa opinião, não existe. Portanto, é simplesmente uma falta de noção, uma falta de capacidade de comunicação do Governo. Não há motivo nenhum", remata a deputada da IL, no programa Entre Políticos.
O BE acompanha as críticas ao anúncio do Governo sobre o 25 de Abril e considera que seria possível que as festividades decorressem a par do luto nacional pela morte do Papa Francisco.
"O Governo poderia ter encontrado variadíssimas alternativas institucionais - com respeito pelo luto - que partissem de um princípio que, para mim, é um princípio fundamental: as comemorações e a celebração do 25 de Abril não colidem com o luto nacional, muito menos de uma personalidade como o Papa Francisco, que defendia precisamente estes valores", afirma, em declarações à Antena 1.