25 de Abril. Manuel Alegre: "A democracia é sempre um processo inacabado"

por RTP

Nos 50 anos do 25 de Abril, Manuel Alegre lembra a alegria da "liberdade" no regresso a Portugal e lamenta quem hoje vota "contra o sistema democrático constitucional".

Em entrevista ao Jornal 2, o político e poeta salienta que a democracia "é sempre um processo inacabado" e considera que a ascensão da extrema-direita se deve à falta de "pedagogia democrática".

"Não estamos a viver um período fácil para a democracia", reconhece Manuel Alegre, lembrando que o crescimento de forças de extrema-direita é um fenómeno universal.

O político e poeta considera que os eleitores do Chega "são responsáveis" e que são os restantes, os que "votaram na democracia", que devem ser acarinhados.

Para Manuel Alegre, a forma de combater estas tendências passa por "resolver os problemas das pessoas", ao restabelecer a confiança nos políticos e lutar contra a corrupção

No novo quadro político, o histórico socialista considera que o partido tem de ser oposição. "Não se pode pedir ao PS que assegure a governabilidade ou estabilidade do Governo. Isso compete a quem formou Governo", defende.

Manuel Alegre é uma das vozes da liberdade. Como resistente, político e poeta. Estava exilado em Argel quando Salazar caiu da cadeira em 1968. E é daí que lança o primeiro apelo ao levantamento em massa. A revolução chegaria apenas seis anos depois e, com ela, Manuel Alegre.

No currículo de resistente e combatente do fascismo, Manuel Alegre tem a luta na associação académica, é preso pela PIDE em Luanda depois de ter ensaiado uma tentativa de revolta militar e passa dez anos exilado.

Manuel Alegre foi depois deputado, escreveu o preâmbulo da Constituição e foi membro do governo. É também o autor dos livros "Praça da Canção" e de "O Canto e as Armas".
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