ZMar. Supremo Tribunal Administrativo suspende requisição civil
O Supremo Tribunal Administrativo deu razão aos proprietários do ZMar e ordenou a suspensão da requisição civil do Governo ao complexo turístico em Odemira. A presidência do Conselho de Ministros afirma que ainda não foi notificada.
Ouvido pela Antena1, o advogado Nuno da Silva Vieira, que representa 114 dos 160 proprietários de casas privadas deste empreendimento em Odemira, refere que a GNR será notificada para que de forma imediata retire os imigrantes do complexo turístico - revertendo assim a decisão do Governo.
“Vamos ver se nas próximas horas, admito que o contraditório venha a acontecer. Mas nós estamos completamente preparados para responder a qualquer fundamentação que o Governo apresente”, acrescentou.
Segundo o causídico, os imigrantes “têm de ser retirados” do complexo, porque “há uma suspensão da requisição civil com efeitos imediatos”.
Está decretada a "suspensão imediata da eficácia do ato administrativo" - que é o despacho da requisição civil. Serão citados na decisão o ministro Eduardo Cabrita e o próprio primeiro-ministro, António Costa, enquanto representante do Estado.
As freguesias de São Teotónio e Longueira-Almograve, em Odemira (distrito de Beja), estão desde dia 29 de abril em cerca sanitária, devido à incidência de Covid-19, sobretudo entre trabalhadores imigrantes das explorações agrícolas.
O primeiro-ministro, António Costa, sublinhou, na altura, que "alguma população vive em situações de insalubridade habitacional inadmissível, com hipersobrelotação das habitações", relatando situações de "risco enorme para a saúde pública, para além de uma violação gritante dos direitos humanos".
O Governo determinou "a requisição temporária, por motivos de urgência e de interesse público e nacional", da "totalidade dos imóveis e dos direitos a eles inerentes" que compõem o complexo turístico ZMar Eco Experience, na freguesia de Longueira-Almograve, para alojar pessoas em confinamento obrigatório ou permitir o seu "isolamento profilático".
Desde então, proprietários destas casas têm contestado a decisão.
Na madrugada de 5 de maio, 21 pessoas foram transportadas para o empreendimento ZMar e 28 para a pousada de juventude.
Em causa, segundo o município, está o processo de realojamento de pessoas que não estão obrigadas a um confinamento profilático, no contexto da pandemia de covid-19, nomeadamente dos trabalhadores de explorações agrícolas que vivem em situação de insalubridade.
O advogado da maioria dos donos das casas do ZMar, Nuno Silva Vieira, argumentou que a operação e a forma como este processo de realojamento dos imigrantes tem sido conduzido são "a definição de Estado distópico".
"Porque, de dia, o Governo negoceia e, de madrugada, o Governo rebenta portões e entra por lá dentro", afirmou, um dia depois de ter interposto em tribunal uma providência cautelar contra a fundamentar da requisição temporária do complexo turístico.