Voto electrónico na Internet para os emigrantes apresentado em Paris

por Agência LUSA

A experiência do voto electrónico na Internet para os emigrantes vai ser apresentada sexta-feira na Embaixada de Portugal em Paris pela Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC).

A apresentação será feita pelo presidente da UMIC, Diogo Vasconcelos, que irá fazer uma demonstração de como se pode votar, explicar a segurança da página de Internet onde o voto é feito e a forma de processamento dos dados.

O projecto consiste em convidar os cerca de 150 mil eleitores portugueses residentes no estrangeiro a testarem nas eleições legislativas de 20 de Fevereiro o voto electrónico na Internet.

Os eleitores dos círculos da Emigração (Europa com cerca de 76 mil e Fora da Europa com cerca de 72 mil) estão a receber em suas casas uma carta com um código de utilizador que juntamente com o número de eleitor, permite o acesso a uma área na página de Internet criada para o efeito (www.votoelectronico.pt) onde os cidadãos podem fazer esta experiência.

Para a apresentação em Paris deverão ser convidados representantes dos partidos políticos, mas até ao momento foram apenas confirmadas as presenças do PS e PSD.

Contactados pela Agência Lusa, os candidatos pelo círculo da Europa do CDS/PP, CDU e Bloco de Esquerda afirmaram desconhecer a iniciativa.

Já os socialistas criticaram o "aparato institucional" da apresentação em Paris e reiteraram a sua discordância com esta experiência, que consideram irá criar "confusão que pode gerar abstenção" no voto por correspondência.

"Não faz sentido neste momento receber ao mesmo tempo uma carta para votar a sério e receber uma carta para votar a brincar", afirmou o secretário nacional do PS para as Comunidades, José Lello.

Na sua opinião, esta apresentação "é uma acção de campanha do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas e candidato pelo PSD", Carlos Gonçalves.

O PS defende o voto electrónico, mas "presencial nos consulados, fiscalizado pelos representantes dos partidos", mostrando- se a favor do voto presencial em todas as eleições, o que não acontece com as legislativas, que é feito por correspondência.

"O voto por Internet não garante a universalidade, a fiabilidade e a personalização porque nem todos os eleitores têm acesso ao computador e o código pode ser usado por outra pessoa", adianta.

O cabeça de lista do PSD, Carlos Gonçalves, rejeitou as acusações de propaganda e considerou que os socialistas são "contra qualquer medida que favoreça a participação dos portugueses no estrangeiro".

"Esta experiência é um teste e não é vinculativo e é positiva no sentido de simplificar a participação", disse Carlos Gonçalves, alegando que a defesa do voto presencial "é sinal de que o PS não tem noção da realidade das comunidades portuguesas no estrangeiro" "Se em Portugal já há dificuldades em mobilizar os eleitores a ir às mesas de voto, quanto mais os portugueses que vivem no estrangeiro e muitas vezes a centenas de quilómetros de distância dos consulados", frisou.

Quanto à iniciativa em Paris, onde estará presente na qualidade de candidato a deputado, Carlos Gonçalves salientou que terá pouca influência no sentido de voto porque "grande parte dos eleitores já exerceram o seu direito" através dos boletins que começaram a ser enviados no final de Janeiro.

Ignorando a realização de uma apresentação do voto electrónico em Paris, os restantes partidos mantêm as suas posições sobre esta medida, com excepção do Bloco de Esquerda, que não comentou o projecto.

O mais entusiasta é o CDS/PP, para quem a experiência do voto electrónico nas comunidades estrangeiras é considerada "positiva" e uma forma de reforçar a participação eleitoral e simplificar o voto por correspondência.

"Não percebemos que um partido que propõe um `choque tecnológico` no país, tome esta posição contra esta experiência, que ainda por cima não é vinculativa", afirmou o cabeça de lista popular pela Europa, Martim Borges de Freitas, em reacção à posição do PS.

Já o PCP receia igualmente confusão com as duas cartas que os eleitores vão receber.

"Não somos avessos a novas formas de participação política que facilitem a vida aos eleitores", afirmou o cabeça de lista da CDU pela Europa Luciano Rosa, ao expressar dúvidas sobre o modelo.

"As pessoas não foram minimamente informadas, não estão à espera, isto vai gerar uma imensa confusão", avisou Luciano Rosa.

A opção para a simulação de voto está desde esta semana disponível no canto inferior esquerdo da página de Internet (www.votoelectronico.pt), onde é reafirmada a informação de que o voto não é vinculativo e é feito apelo ao voto por correio.

Os emigrantes podem testar este sistema até ao dia das eleições.

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