Voluntariado no Banco Alimentar do Porto para ajudar os outros e "sair de coração cheio"
Foto: Isabel Cunha
Diariamente, divididos por dois turnos, 30 voluntários garantem que as carrinhas que fazem fila às portas do grande armazém, são carregadas com a maior variedade possível de bens alimentares. O Banco Alimentar do Porto apoia 300 instituições do distrito. Os alimentos que ali são recolhidos chegam a 58 mil pessoas com carências alimentares. Reportagem de Isabel Cunha.
Duas da tarde, Parafita, Matosinhos, Banco Alimentar do Porto. A azafama é grande, um trabalho braçal e apressado. Os funcionários das instituições que vieram buscar os cabazes de bens essenciais, estão sempre a olhar para o relógio, não têm muito tempo para o microfone da Antena1. Já lhe explicamos porquê.
Rosa Maria é voluntária no Banco Alimentar do Porto há 12 anos. Explica que o Banco Alimentar do Porto já esteve mais abastecido. Nesta altura já começa a estar um pouco vazio, porque “a última recolha de alimentos já foi em outubro ou novembro, e nessa altura isto fica cheio, cheio, cheio. Depois vão-se fazendo os cabazes para as pessoas, as instituições vêm buscar os cabazes e isto vai ficando vazio.”
Belina é cozinheira no Lar Luísa Canavarro. Veio buscar o cabaz para a instituição que dá apoio a mães solteiras. Leva pão, legumes, iogurtes, arroz, leite, óleo, massas. “Um bocadinho das coisas básicas”.
Em pouco mais de uma hora, praticamente todas as carrinhas que estavam alinhadas nas portas do armazém carregaram e foram embora.
Um voluntário faz tudo: dos cabazes à triagem do papel
Fernando Ferreira, voluntário desde 2012, explica a pressa nesta função: “As entidades que cá vêm têm de tratar dos meninos, levá-los à escola, ao ATL, com as mesmas viaturas com que vêm aqui buscar coisas. E, portanto, têm de se despachar depressa".
Dentro do armazém continua o corrupio dos empilhadores e porta paletes elétricos. Há colunas com música, boa disposição, mas eram precisos mais braços.
Fernando Ferreira continua a explicação da falta de gente: “50% dos voluntários vêm uma vez por semana ao Banco. É preciso mais gente com disponibilidade, até para aliviar a pressão daqueles que vêm muitas vezes por amor à causa e por saberem que fazem falta e, portanto, dão um pouco mais daquilo que queriam dar”.
José Amorim, voluntário desde que passou à pré-reforma em 2018, explica que um voluntário faz o que for preciso: conduzir, distribuir, separar, fazer cabazes: “venho todos os dias. Em vez de estar em casa, vim para aqui. Comecei a vir um dia por semana e agora pronto, tenho vindo todos os dias. É onde estou é aqui. É de manhã até isto fechar. Pronto, este é o meu trabalho neste momento”.
"Vim para ajudar, mas eu é que sou ajudada"