Lisboa, 26 Mar (Lusa) - A violência doméstica em Portugal matou dez pessoas em 2008, com mais de duas mil queixas mensais comunicadas à polícia, a maior parte sobre mulheres, um "aumento significativo" em relação a 2007 apontado no Relatório Anual de Segurança Interna.
Segundo os dados do Ministério da Administração Interna hoje divulgados, registou-se uma média de 2.312 queixas mensais, equivalendo a 76 queixas diárias, a maior parte comunicadas à Polícia de Segurança Pública (PSP).
Comparando os dados de 2008 com 2007, regista-se um "aumento significativo" do número de queixas comunicadas à PSP, que subiram 35,2 por cento.
A PSP recebeu uma média mensal de 1.471 queixas (48 por dia), enquanto na Guarda Nacional Republicana (GNR) a média mensal foi 841 ocorrências (28 por dia).
A maioria das vítimas (85 por cento) é mulher, casada e tem uma idade média de 39 anos. Na maioria dos casos, o agressor é a pessoa com quem têm uma relação conjugal e de quem não dependem economicamente.
As queixas, feitas na maioria pela própria vítima, apontam geralmente homens casados, com idade média de 40 anos, registando-se em 2008 um aumento das queixas relativamente a mulheres agressoras, viúvos ou homens ou mulheres em união de facto.
Segundo o relatório, 47,5 por cento dos agressores consome habitualmente álcool e 11,6 por cento consome estupefacientes. No entanto, foram comunicados menos casos de agressores consumidores de álcool.
A maior incidência de queixas verificou-se nos Açores e Madeira, destacando-se as comarcas de Ponta Delgada, Ribeira Grande, Horta e Povoação, na primeira Região Autónoma, e as de Sintra, Porto e São João da Madeira, no Continente.
A maioria das queixas foi feita nos cinco dias seguintes à agressão e mais de metade (56 por cento) no próprio dia. Domingo é o dia mais frequente de registo de queixas.
Em 46 por cento dos casos, filhos menores testemunharam as agressões, que na maior parte dos casos resultaram em ferimentos ligeiros para as vítimas.
APN.