Vida Justa quer que PR intervenha na suspensão das demolições de bairros autoconstruídos
O movimento Vida Justa pediu hoje a intervenção urgente do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na suspensão das demolições de bairros autoconstruídos, apontando que se vive uma "especial gravidade" na zona de Loures.
Numa carta partilhada com a agência Lusa, o movimento pede uma reunião urgente a Marcelo Rebelo de Sousa "para tratar da grave crise habitacional que assola o país e a proliferação de bairros autoconstruídos, que têm sido alvo de demolições sem que sejam asseguradas alternativas habitacionais dignas".
"Nos últimos meses, a destruição de casas em diversos bairros autoconstruídos tem gerado enorme preocupação e revolta social, com destaque para as zonas periféricas da Área Metropolitana de Lisboa, como o Talude Militar, o Zambujal e Santa Iria da Azóia, em Loures, Penajóia e Terras da Costa, em Almada, e Santa Marta, no Seixal, entre tantos outros", descreve o Vida Justa.
O movimento alerta que estas ações "estão a desalojar famílias inteiras, muitas com crianças, idosos e pessoas vulneráveis, sem qualquer garantia ou perspetiva de realojamento condigno".
"Além de representar uma ameaça direta ao direito fundamental à habitação, estas demolições colocam em causa o direito das famílias de manterem os seus filhos sob o seu cuidado, uma vez que o desalojamento força muitas crianças a serem retiradas dos seus lares e, em alguns casos, do seio familiar", refere o Vida Justa, considerando que a intervenção do Presidente da República "pode ser crucial para desencadear com urgência a suspensão das demolições sem alternativa, com especial gravidade na zona de Loures".
O papel de Marcelo Rebelo de Sousa também deverá passar, acrescenta o movimento, por "ter uma palavra a dizer relativamente à criação de um processo a médio-longo prazo que estabeleça políticas de habitação adequadas que prossigam o objetivo de baixar o valor das rendas para um valor que as pessoas que trabalham possam pagar".
Salvaguardando que "não defende a precariedade habitacional", o movimento considera "inaceitável que o Estado português e as suas autarquias promovam ou permitam demolições sem primeiro garantir alternativas habitacionais justas e dignas".
"O que está a acontecer ofende a Constituição da República Portuguesa e afronta a dignidade mínima a que todas as pessoas que vivem em Portugal têm direito e que esta situação leva à desestruturação das famílias em causa e agrava a coesão social, quebrando o enlaçamento comunitário que sustenta uma sociedade equilibrada", justifica.
Pedindo o realojamento das famílias, o Movimento Vida Justa pede "um plano nacional sério para erradicar os novos bairros de autoconstrução precária, garantindo que os atuais residentes possam ser realojados de forma digna e humana".
"Esta situação está a agravar as desigualdades sociais, colocando em causa a coesão e a justiça social no país. O direito à habitação é um direito fundamental, consagrado na Constituição, e as ações que ignoram este princípio representam uma violação flagrante dos direitos humanos", conclui.