O Ministério da Defesa confirmou que o antigo porta-voz da Polícia Judiciária Militar e arguido na operação Húbris é acusado de arrendar uma casa das Forças Armadas a turistas em Lisboa.
A casa, na Ajuda, estaria a ser arrendada pelo filho de Vasco Brazão, a quem a casa estava cedida. Uma situação ilegal, já que a lei diz que as casas com rendas a custos controladas só podem ser usadas por alguém do agregado familiar dos militares.
Apesar do contrato estar em nome do filho de Vasco Brazão, o Instituto de Ação Social das Forças Armadas (IASFA) acredita que era o militar que a geria e que a disponibilizou para alojamento local.
As queixas sobre o arrendamento da casa a turistas em Lisboa foram apresentadas há vários meses, mas a investigação do Instituto da Ação Social das Forças Armadas só começou quando o Ministério Público exigiu ouvir Vasco Brazão na sequência do caso da recuperação de armas furtadas em Tancos.
O oficial de cavalaria foi detido há uma semana, à chegada a Lisboa, para ser ouvido no âmbito do processo.
Nas declarações ao juiz, Vasco Brazão terá confirmado a operação forjada e argumentado que o ministro da Defesa tinha sido informado sobre a operação em novembro passado, de acordo com o jornal Expresso.
O advogado de Vasco Brazão, Ricardo Sá Fernandes adiantou à Lusa que este pedido ao juiz de instrução criminal de Lisboa surge na sequência de notícias de que este tinha dado conhecimento ao ministro da Defesa da encenação montada para a recuperação das armas.
O advogado disse que o seu constituinte vai entregar documentação ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
Na quinta-feira, em Bruxelas, o ministro da Defesa Nacional negou "categoricamente" que "tenha tido conhecimento de qualquer encobrimento neste processo".
Vasco Brazão, sujeito à medida de coação de permanência na residência sem vigilância eletrónica, é um dos nove arguidos da operação Húbris.
Em 25 de setembro, a Polícia Judiciária deteve o diretor e outros três responsáveis da PJM, um civil, que estão em prisão preventiva, e três elementos do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé.
Segundo o Ministério Público, em causa estão "factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, recetação, detenção de arma proibida e tráfico de armas".