Uma das figuras mais emblemáticas do Vale do Côa - a representação de uma figura humana, com mais de 10 mil anos conhecida por “Homem de Piscos” - foi encontrada, pela equipa de arqueólogos locais, vandalizada. Foram riscados desenhos e letras sobre a pedra.
A arte rupestre paleolítica, presente na ribeira de Piscos, é património mundial, motivo pelo qual o diretor do parque considera que deve ser preservada.
António Martinho Batista refere que o parque tem visitas públicas e comporta alguma vigilância, mas afirma que os constrangimentos financeiros impede que haja elementos suficientes para fazer a permanente vigia.
O diretor do parque arqueológico, no página do Museu do Côa no Facebook, descreve a indignação pelo ato e diz não compreender como é que ainda existem pessoas que não respeitam a história e o património presente no nosso país.
"A Fundação Côa Parque irá participar criminalmente junto do Ministério Público contra o inqualificável atentado de lesa-arqueologia e lesa-Património Mundial que a rocha 2 da Ribeira de Piscos acaba de sofrer", escreve a instituição.
"Com efeito, fomos ontem surpreendidos com a descoberta de novíssimas gravações de uma bicicleta, um humano esquemático e a palavra BIK apostas diretamente sobre o conhecidíssimo conjunto de sobreposições incisas do sector esquerdo daquele painel, onde, como é universalmente sabido, está o famoso "homem de Piscos", a mais notável das representações antropomórficas paleolíticas identificadas no Vale do Côa", lê-se ainda na nota.
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O Museu do Côa assinala ainda que se trata de um "conjunto de gravuras que sobreviveram intactas mais de 10.000 anos e que agora foram miseravelmente mutiladas pela ignorância de alguém que, esperamos, possa ser rapidamente identificado e exemplarmente punido".
"Classificada como Património Mundial desde 1998, este atentado mancha a região e é uma nódoa no certificado de qualidade, de conservação e de apresentação ao público que a Arte do Côa orgulhosamente ostenta e é por (quase) todos reconhecido", conclui a instituição.
A Fundação esclareceu já que vai avançar com uma queixa no Ministério Público.