"Tens quantos anos agora?", pergunta Vítor Ribeiro ao irmão que vem buscá-lo. Ele tem 33 anos e veio para Portugal quando era criança, com 5 anos.
"Tenho falado com ele pela tecnologia que temos hoje em dia, mas, se não existisse isso, talvez não se lembrava de mim", diz Vítor, que já não via este irmão há 28 anos.
É uma família separada entre a capital de Moçambique e Lisboa, sendo que Vítor, nascido em Maputo, pensa não regressar: "se a situação continuar assim, acho que prefiro ficar por cá".
Por agora vem de férias para ver familiares, mas o caos no país faz ele repensar o futuro. A mesma sensação têm outros passageiros do avião que chegou esta manhã a Lisboa vindo de Maputo.
Barricadas em Maputo viram "portagens"
A chegada ao aeroporto da capital moçambicana foi uma batalha. Vários passageiros descrevem à Antena 1 a existência de "portagens", que mais não são do que as barricadas que manifestantes têm instalado nas estradas de Maputo.
"A maior parte dos jovens metem obstáculos e depois pedem dinheiro para as pessoas passarem", aponta Salvador Conceição, residente em Maputo há 26 anos e que vai rever a família em Portimão, no distrito de Faro.
Em cada "portagem", Vítor Ribeiro afirma que pagou 500 meticais (a moeda de Moçambique, um valor equivalente a 7,44 euros no câmbio de hoje).
"Se tu tentas passar (sem pagar), eles partem os vidros dos carros e fazem-te mal", descreve.
Alívio de chegar a Portugal
Avintino esperava a chegada da companheira, com um ramo de rosas na mão, uma "surpresa" para "ver o rosto dela mais feliz".
Cerca de duas horas depois de ter aterrado, Cristina Lukeny surgiu no terminal de chegadas do Aeroporto de Lisboa e a emoção do abraço passou também para as palavras que descrevem a situação no país.
Cristina vivia em Machava, na província de Maputo, sendo que ela mora "em redor de industrias e dearmazéns".
"Tudo aquilo foi vandalizado e queimado", afirma e acrescenta que a noite de ontem, na rua onde morava, foi de tiroteios.
Perante este cenário, espera encontrar emprego em Portugal, ao lado do companheiro que já vive no país há três anos. No futuro, quer trazer os dois filhos, um bebé com menos de um ano e uma criança com oito anos.