Termina no sábado o congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências em Animais de Laboratório (SPCAL) durante o qual 16 instituições portuguesas assinaram um acordo que vai permitir à sociedade ficar a conhecer a realidade das experiências com animais de laboratório.
“Pretendemos garantir que somos capazes de prestar contas sobre aquilo que fazemos”, declarou à RTP Nuno Sousa. Apenas assim é possível que a população, quer esteja envolvida na área das ciências quer não, se sinta “informada sobre o que é feito com os animais e construa uma opinião fundamentada” em relação a este tema sensível.
“Este acordo representa um passo muito importante no cumprimento das melhores práticas nesta área”, afirma Sousa. Na mesa redonda “foram confrontadas as opiniões de diferentes vertentes políticas e partidárias com um enorme consenso em relação à qualidade da ciência que se faz em Portugal, nomeadamente a que envolve modelos animais”.
Os fins para os quais os animais são utilizados em laboratórios são diversos e as espécies “variam muito de acordo com as áreas de foco dos investigadores”. No entanto, de acordo com Sousa, em Portugal os mais utilizados são, muito provavelmente, os roedores.
Segundo Sousa, a investigação com modelos animais “é um exercício fundamental para as sociedades” pois leva a importantes descobertas no campo das ciências, nomeadamente na área da medicina.
Kirk Leech, diretor-executivo da EARA, realça a contribuição deste tipo de investigação em estudos sobre “cancro e doenças do cérebro”, por exemplo. “Esperamos também que a maioria das instituições em Portugal que conduzem investigação com animais acabe por se juntar ao acordo”, acrescentou.
Também Nuno Sousa afirma que, apesar de o acordo estar já assinado por 16 entidades, as instituições “que se reveem nesta atitude de transparência” também poderão tornar-se parte da iniciativa e “seguir esta boa prática” de comunicação aberta com o público.
Este acordo é uma iniciativa que está a decorrer em vários países da Europa e baseia-se no Acordo de Transparência Espanhol lançado em 2016, em que a EARA cooperou com a Federação das Sociedades Científicas Espanholas (COSCE) e com a Concordata sobre Transparência em Investigação Animal no Reino Unido.