Um terço das mulheres tem de completar aborto nos serviços de saúde

por Agência LUSA

Uma em cada três mulheres que fizeram Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) teve necessidade de recorrer a um serviço de saúde para completar o aborto, segundo um estudo da Associação para o Planeamento da Família (APF) a apresentar quarta-feira.

De acordo com este estudo base sobre as práticas do aborto em Portugal, cerca de 14,5 por cento das mulheres entre os 18 e os 49 anos já fez IVG.

As contas da APF indicam que as portuguesas praticaram entre 17.260 a 18 mil abortos no último ano e que já realizaram a IVG entre 346 mil a 363 mil mulheres.

A APF revela neste inquérito - que envolveu 2.000 mulheres - que a grande maioria fez um único aborto e que cerca de 73 por cento das que realizaram IVG fizeram-no até às 10 semanas da gravidez.

O estudo, que será apresentado na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, indica que o grau de instrução não influencia na decisão da prática de aborto: 15,4 por cento das praticantes de IVG tem o ensino básico, 13,2 por cento o ensino secundário e 14,1 por cento o ensino superior.

A religiosidade demonstra uma influência mais significativa, já que 16,7 por cento das mulheres que realizaram aborto eram não praticantes, 11,4 por cento praticantes ocasionais e 2,6 por cento praticantes frequentes.

A esmagadora maioria das mulheres fez o primeiro aborto com dez ou menos semanas de gestação.

O facto de serem muito jovens foi a razão que mais levou as mulheres a decidir abortar, decisão que a maioria classificou de muitíssimo difícil ou muito difícil.

O método de aborto mais utilizado foi a raspagem, seguido de comprimidos e aspiração. Em relação aos comprimidos, a maioria das mulheres arranjou-os através de uma pessoa amiga.

Segundo este estudo, 34,5 por cento das mulheres teve necessidade de recorrer a um serviço de saúde para completar o aborto.

As hemorragias são os problemas mais frequentes da IVG, seguidas de problemas emocionais.

Para resolver estes problemas, as mulheres recorreram ao médico particular (31,9 por cento) ou ao hospital (21,3 por cento) e 27,4 por cento teve necessidade de internamento.

Uma casa particular foi o local de realização do aborto mais indicado pelas mulheres que praticaram IVG, seguida de uma clínica privada e consultório público.

O médico, seguido da parteira e do enfermeiro, foi o profissional mais indicado como autor da IVG.

As pessoas amigas foram a principal fonte de informação sobre o local de realização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG).

A investigação da APF apurou 14,3 por cento de mulheres que foram praticar a IVG a Espanha, realizando as restantes em Portugal.


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