Portugal apresenta problemas estruturais na proteção contra o risco sísmico. Mesmo assim, há gestos simples que podem contribuir para conter os danos de uma eventual tragédia e que estão ao alcance de todos. Um ensaio do LNEC e do Instituto Superior Técnico, no âmbito do KnowRisk, evidencia a importância da tomada de medidas preventivas. Um ensaio que a RTP acompanhou em 2017.
Neste ensaio, é simulado um sismo que ocorreu na Islândia a 17 de junho de 2000, testando-se o que acontece no 8º andar de um prédio que existe verdadeiramente no país e que é feito de betão armado.
A mesa sísmica utilizada foi construída na década de 90 e tem feito parte das grandes investigações na área da engenharia sísmica feitas a nível europeu. O aparelho está dotado de atuadores em três direções ortogonais, cujos movimentos rápidos acabam por simular os sismos, explicou o investigador Paulo Candeias à RTP.
O sismo original teve magnitude de 6,5 na escala de Richter. No ensaio, o sinal foi amplificado no ensaio. “Corresponderia a uma magnitude de cerca de oito na escala de Richter”, explica Paulo Candeias, tentando traduzir para linguagem corrente os complexos conceitos científicos.
A mesa sísmica ostenta uma cama, um escritório, um ecrã de computador, uma guitarra. Procura ser um quarto como qualquer outro.
Dois ensaios
No primeiro ensaio não houve especial cuidado com a disposição dos objetos no espaço nem o mobiliário se encontra fixo à parede. O sismo acaba por provocar a queda dos objetos e das estantes, bem como do monitor e de um relógio.
No segundo ensaio tomaram-se medidas protetivas. O relógio foi retirado, uma vez que era um objeto que facilmente poderia cair. As caixas que se encontravam por cima do armário também foram arrumadas.
Foram colocados fechos nas portas dos armários para evitar que se abram e o seu conteúdo acabe por cair. Todos os móveis foram fixos à parede para evitar quedas. O armário mereceu especial atenção, uma vez que se esse caísse ficaria impedido o acesso à porta.
Os vídeos foram gravados pela Unidade FCCN – Computação Científica Nacional da Fundação para a Ciência e Tecnologia no âmbito do projeto KnowRisk.
A iniciativa une ainda o Laboratório Nacional de Engenharia Civil e o Instituto Superior Técnico, contando com financiamento da Comissão Europeia. O KnowRisk pretende sensibilizar as populações para o risco sísmico não estrutural.
O risco sísmico não estrutural não está relacionado diretamente com o território onde uma habitação está situada nem com as suas fundações. Contam-se sim pequenos atos que, em casos de tremor de terra, podem ajudar a salvar vidas.