A ministra da Saúde não seguiu as recomendações do grupo de trabalho que fez o levantamento da situação, liderado por Florindo Esperancinha, e que indicava a necessidade de recorrer a meios exteriores e a um modelo de incentivos aos médicos para resolver o problema.

Ana Jorge está confiante que os hospitais públicos podem tratar a situação das cerca de 30 mil pessoas que aguardam por uma cirurgia oftalmológica e mais de 100 mil à espera de uma primeira consulta.

Para isso, o Ministério da Saúde vai pagar a especialistas dos hospitais que aderirem ao programa para trabalharem até mais tarde e aos fim-de-semana. Ao mesmo tempo, para impedir que o funcionamento diário do SNS não seja afectado, por cada cirurgia paga à parte o hospital terá que garantir 2,5 primeiras consultas na especialidade.

Com este programa, o Ministério espera resolver em um ano as 30 mil pessoas em lista de espera para cirurgia ao mesmo tempo que dá resposta às novas situações através de um aumento das primeiras consultas e cirurgias.

O Programa de Intervenção em Oftalmologia é apresentado esta tarde. Nessa altura serão conhecidos os hospitais que aderiram à iniciativa.

Operações às cataratas

Em 2007, cerca de 82 mil portugueses foram operados às cataratas, mais 10 por cento do que em 2006 e mais 20 por cento do que em 2005, indica a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO).

Este aumento, apontam os especialistas, aconteceu ao mesmo tempo que se registou uma quebra no número de oftalmologistas no país. Em 2006 havia no Serviço Nacional de Saúde 415, menos 46 do que em 2000. O número de consultas cresceu das 485 mil em 2000 para as 600 mil em 2006.

Ainda de acordo com a SPO, cada oftalmologista dava, em média, 1459 consultas anuais em 2006 no Serviço Público. Em 2000 apenas 1050.