Os sindicalistas José Abraão e Mário Mourão disputam no sábado a liderança da tendência sindical socialista (TSS), numa eleição que definirá também o candidato a secretário-geral da UGT em 2022, num congresso marcado pela novidade de existirem duas candidaturas.
José Abraão, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap) e da Federação Sindical da Administração Pública (Fesap) desde 2013, disse à agência Lusa que conta com os apoios formais dos socialistas do Mais Sindicato, ex-Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, e do Sindicato dos Trabalhadores dos Escritórios e Serviços (Sitese).
Mário Mourão, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal (SBN), ex-Sindicato dos Bancários do Norte, desde 2005, também tem tido contactos e reuniões e disse que conta com o apoio, entre outros, do Sindicato Nacional da Indústria e da Energia (Sindel) e do Sindicato Democrático dos Trabalhadores dos Correios, Telecomunicações, Media e Serviços (Sindetelco).
O secretário-geral da Federação dos Sindicatos da Administração Pública anunciou no dia 16 de setembro que se ia candidatar à liderança da UGT, em carta aos dirigentes das estruturas sindicais da central, apelando à unidade, em prol da qual pretende trabalhar.
Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal anunciou em 23 de setembro a sua candidatura à liderança da UGT, salientando "o papel insubstituível" da central na luta contra os despedimentos e defesa dos direitos dos trabalhadores.
Esta é a primeira vez que a presidência da TSS/UGT conta com mais do que uma candidatura, ou seja, é a primeira vez em 43 anos de existência da UGT que a liderança da central é disputada.
Cabe ao congresso da tendência sindical socialista eleger, através de voto secreto, quem será o seu presidente e consequentemente o candidato a secretário-geral da UGT.
O XIV congresso da UGT deveria ter-se realizado em abril, mas foi adiado, devido à pandemia da covid-19, para abril do próximo ano.
Carlos Silva é até sábado o presidente da TSS, lugar que ocupa há oito anos, os mesmos que tem como secretário-geral da UGT.
Histórico da central sindical
João Proença foi o segundo secretário-geral da UGT e sucedeu a José Manuel Torres Couto.
Os órgãos sociais da UGT resultam normalmente da negociação entre as tendências sindicais socialista e social-democrata.
A social-democrata Lucinda Dâmaso, dirigente do Sindicato dos Professores da Zona Norte, é a presidente da UGT desde há oito anos.
A criação da segunda central sindical do país resultou de um movimento surgido em 1976, o "Movimento Carta Aberta", que criticava a atuação da Intersindical.
Em janeiro de 1979, realizou-se no Porto o primeiro congresso da UGT, em que o socialista Torres Couto foi eleito secretário-geral e o social-democrata Miguel Pacheco escolhido para presidente.