"Twittar" e "googlar" entram no Grande Dicionário da Língua Portuguesa
"Twittar", "googlar", "politólogo" ou "flexisegurança" são algumas das novas palavras, além dos 6000 termos de origem africana, brasileira e asiática, que integram a nova edição do Grande Dicionário da Língua Portuguesa, publicado pelo Porto Editora.
A edição actualizada do Grande Dicionário com 1792 páginas é composta por 410 mil entradas, definições e expressões, entre elas mais de 6000 africanismos, brasileirismos e asiaticismos.
"A língua está em constante evolução e há que actualizar o léxico", disse à Lusa a directora do Departamento de Dicionários da editora, Mariete Teixeira. Começa a ser um fenómeno corrente as redes sociais e daí o twittar como o googlar que também integrámos". "Audiolivro", "ebook", "biocombustível", "parentalidade" e "ciberbullying" são outros novos termos inseridos.
Procurando "dar a amplitude do universo lusófono e servi-lo, integrámos também termos ou expressões derivadas de regiões geográficas onde o português é língua corrente", acrescentou.
Mariete Teixeira sublinhou à Lusa que os "brasileirismos" não é o português falado segundo a norma brasileira "mas termos regionais que entraram no vocabulário". "O português do Brasil continua diferente do falado em Portugal, quer nos significados quer na sintaxe, daí persistirem a norma brasileira e a portuguesa", esclareceu.
No dicionário vai ser possível encontrar brasileirismos como "acessar", "gamação", "café-da-manhã" ou "lanchonete" assim como africanismos de Cabo Verde através das palavras "brabeza" e "morabeza", da Guiné-Bissau com "balança" e "caneca", de Angola com "cuduro", de Mocambique com "canimambo" e São Tomé e Príncipe com a palavra "palmeira-de-andim". Os asiaticismos surgem através de Timor-Leste com a inclusão de palavras como "aman", "loron" e "mane".
Apesar de seguir o novo Acordo Ortográfico, a edição do Grande Dicionário assume a dupla grafia das palavras "de modo a facilitar a sua utilização, remetendo sempre para a nova grafia". Entre outros, são os casos de "acção" e "ação", "actor" e "ator", "projecto" e "projeto", "recepção" e "receção".
O novo Grande Dicionário actualiza a edição de 2004 que já seguia os critérios do Acordo Ortográfico, e resulta da investigação de uma equipa permanente de nove elementos, entre investigadores e lexicógrafos, "a que se juntam 20 ou mais colaboradores especialistas, que formulam as definições dos vocábulos e também os propõem", explicou.
"A Porto Editora tem uma vasta experiência em outros continentes, nomeadamente a África lusófona, para a qual produzimos materiais pedagógicos, assim como Timor-Leste e até Brasil, onde não irá ser editado, mas certamente gerará interesse junto dos investigadores do idioma", disse.
Referindo-se ao anterior Grande Dicionário, Mariete Teixeira afirmou que "correu muito bem e houve uma boa reacção do público". "Tivemos boas críticas dos profissionais e os especialistas apontaram-nos como uma referência tendo sido citado como fonte de credibilidade", afirmou Mariete Teixeira.
A anterior edição vendeu cerca de quatro mil exemplares, e nova edição do Grande Dicionário tem uma primeira tiragem de 3000.