Turistas na praia do Tonel foram vítimas de irresponsabilidade própria e "inércia" das autoridades

por © 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Um nadador-salvador em Sagres considerou hoje que os quatro turistas que morreram na praia do Tonel foram vítimas da irresponsabilidade própria mas também da inércia das autoridades, que deveriam colocar avisos em vários idiomas nas praias perigosas.

O acidente ocorreu na tarde de segunda-feira numa praia de Sagres muito procurada por surfistas, não vigiada desde o final da época balnear, a 30 de Setembro.

Quatro adultos morreram quando tentavam retirar da água três crianças, apanhadas nas correntes marítimas do local.

"A tragédia aconteceu devido à irresponsabilidade deles [dos turistas] e ingenuidade, mas também devia haver placas a avisar que a época balnear terminou em Setembro, em várias línguas", defendeu hoje Daniel Salvaterra, nadador-salvador e monitor de uma escola de windsurf em Sagres.

O windsurfista, que saiu da praia pouco antes do acidentes trágico, teceu duras críticas ao parque Natural da Costa Vicentina, por apenas colocar nas praias informação sobre a fauna e flora locais e esquecendo-se de avisar que a zona é "super perigosa".

"A costa vicentina não tem nada a ver com o resto do Algarve, está completamente exposta ao mar e os fundos sempre em mudança", afirmou o nadador-salvador, explicando que o mar pode estar calmo, mas de repente surgir uma onda de dois metros.

A zona onde se deu o acidente, junto a uma rocha, é particularmente perigosa, explica Daniel Salvaterra, pois à medida que o mar ali vai depositando areia, forma-se uma corrente mais forte do que o normal.

Segundo o nadador salvador, se os turistas não tivessem entrado em pânico e nadado contra a corrente, provavelmente teriam sido devolvidos à costa pelo mar e não se teriam afogado.

"Eles foram irresponsáveis, mas parece que ainda vai ter de morrer muita gente até se fazer qualquer coisa", lamentou Daniel Salvaterra, defendendo que a época balnear devia ser prolongada até Dezembro.

O nadador salvador considera ainda que os turistas deviam receber informação sobre as praias do Algarve logo à chegada à região e que as zonas baleares deviam ter mais informação, mais regras e áreas bem delimitadas para banhistas, surfistas, entre outras.

Um funcionário do apoio de praia do Tonel, que preferiu não se identificar, disse à Lusa que desde que ali trabalha, há oito anos, nunca viu morrer ninguém e que no dia do acidente o mar até estava calmo.

"Dois turistas que estavam na praia, um deles cardiologista ainda tentaram reanimá-los, mas já não havia nada a fazer", relatou o funcionário.


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