Tripulação de barco de junco que tentava travessia atlântica chegou à Horta

por © 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

A tripulação do barco de junco "Abora III" chegou à ilha do faial num veleiro de apoio, depois de ter abortado a expedição que tentava provar que já se faziam travessias atlânticas antes das naus portuguesas.

O "Abora III" partiu a 11 de Julho de Nova Iorque, rumo a Cadiz, em Espanha, com a missão de tentar provar que, antes das naus e caravelas portuguesas e espanholas, e mesmo antes do vikings, já se faziam travessias atlânticas em barcos construídos de junco e corda.

Esta técnica ancestral, com mais de onze mil anos de história, foi recuperada pelo investigador Dominique Gorlitz, da Universidade de Bona, na Alemanha, que juntou uma tripulação de onze especialistas em diversas áreas, de quatro países diferentes, para provar a sua tese.

O grupo recorreu a uma tribo de índios da Bolívia, que vive nas margens do Lago Titicaca, para construir um barco com doze metros de comprimento, quatro de largura e com um mastro de onze metros de altura.

A intenção era reescrever a história da navegação mundial, também à custa da descoberta da América por parte de Cristovão Colombo, que, segundo estes investigadores, não terá sido o primeiro navegador a atravessar o Atlântico.

A expedição foi, porém, abortada na última semana, depois dos estragos provocados por duas fortes tempestades, que destruíram parcialmente a embarcação, que entretanto se afundou a cerca de 500 milhas a Este dos Açores.

A embarcação não resistiu aos ventos fortes e à ondulação que entretanto encontrou no Atlântico.

À chegada ao Porto da Horta, nos Açores, reafirmou a ideia de que os barcos construídos em junco e corda, além de "seguros", são capazes de efectuar travessias atlânticas.

"O que não estava à espera era de apanhar tanto mau tempo nesta altura do ano", reconheceu Dominique Gorlitz, em declarações à chegada, assegurando que, apesar do "Abora III" ter naufragado, a sua tripulação, composta por nove homens e duas mulheres, "nunca correu perigo".

"Tivemos a incrível sorte de testar este tipo de embarcação pré-histórica no meio do Oceano Atlântico e devo dizer que, mesmo que não tenhamos chegado aos Açores, é possível fazer travessias atlânticas com este tipo de barco", garantiu.

À espera da tripulação do "Abora III" no porto da Horta estavam várias familiares e amigos e, também, o presidente da autarquia, que entregou aos elementos desta experiência inédita várias lembranças da ilha.

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