Três em cada quatro deficientes sentem dificuldades em usar transportes públicos
Três em cada quatro deficientes sentem grandes dificuldades em usar os transportes públicos e, por isso, mais de metade nunca os utilizou, revela um estudo da revista Deco Proteste a publicar na edição de Fevereiro.
Os mais de 630 mil portugueses com algum tipo de deficiência enfrentam diariamente muitas barreiras arquitectónicas nos transportes, edifícios e empreg o, constataram os autores do estudo, que se basearam no testemunho de 1.213 defi cientes (67 por cento com limitações motoras e 30 por cento com problemas a níve l da visão ou audição).
Para 71 por cento dos inquiridos o uso de transportes públicos apresent a grandes dificuldades.
Os maus acessos para chegar às estações, as dificuldades em entrar e sa ir dos veículos e em encontrar funcionários disponíveis para ajudar são as princ ipais queixas.
Por isso, mais de metade dos inquiridos nunca andou de eléctrico, combo io, metro ou autocarro e 68 por cento deslocam-se de carro.
Para comprar carro, 30 por cento tiveram direito a benefícios fiscais o u foram reembolsados, mas mais de metade das pessoas que fizeram alterações no v eículo devido à sua condição referiram a falta de ajudas financeiras.
Os deficientes revelaram também grandes dificuldades no acesso a activi dades de lazer, quando têm de ir ao hospital ou centro de saúde, quando precisam de levantar dinheiro ou aceder a edifícios públicos, como os correios.
As actividades de lazer fora de casa são raras por impedimentos relacio nados com a condição física (71 por cento) e preço elevado (34 por cento).
Mais de metade dos inquiridos disse que a maioria dos locais desportivo s e de convívio não têm condições para se movimentarem.
No último ano, menos de 30 por cento visitaram um museu.
A maioria dedica o seu tempo livre a ver televisão e DVD e cerca de met ade nunca navegou na Internet.
Muitos sítios da rede ainda não têm descrições áudio, comando verbal, i nterpretação gestual ou legendas, para facilitar a utilização.
Em casa, continua o cenário de desigualdade.
Os Censos de 2001 indicaram que 37,4 por cento das pessoas com deficiên cia residiam em edifícios não acessíveis.
Além das barreiras arquitectónicas, muitos deficientes enfrentam barrei ras no crédito à habitação devido à exigência de contratar um seguro de vida, qu e algumas seguradoras recusam a que seja portador de algum grau de invalidez ou deficiências.
Mais de um terço dos inquiridos têm uma profissão, mas sentem dificulda de em desempenhá-la: 43 por cento apontam falta de condições nos acessos, 26 por cento falta de adaptação das casas-de-banho e 22 por cento obstáculos na circul ação.
Para os que precisam de ajuda nas tarefas domésticas, o preço é o princ ipal impedimento, já que o custo elevado impossibilita um quarto dos inquiridos de aceder a um serviço de assistência.
A revista da associação de consumidores DECO assinala que o Orçamento d e Estado para 2007 veio limitar os direitos dos contribuintes com deficiência (c om incapacidade permanente, igual ou superior a 60 por cento, para o fisco).