Duas associações de combate à obesidade alertam para a necessidade de uma resposta mais eficaz a esta doença, que é fator de risco acrescido para infetados com covid-19.
A visão das associações para tratar da doença pode ser consultada em https://www.recalibrarabalanca.pt/.
Notam que, "apesar de ser considerada uma doença crónica, diversas barreiras impedem o controlo das taxas crescentes de prevalência da doença e uma intervenção de sucesso" pelos serviços de saúde pública.
As associações constatam que, apesar de a obesidade ser uma doença crónica e um fator de risco acrescido na diabetes, nas doenças cardiovasculares e nas doenças oncológicas, o sistema de saúde continua mais focado em tratar estas comorbilidades e outras complicações do que em atuar nas causas da obesidade.
Assim, defendem que a "obesidade deve passar a ser encarada como uma doença grave", para a qual são necessários programas e planos de ação públicos direcionados para a prevenção e para o tratamento das suas causas, acessíveis à população de forma equitativa, e uma maior monitorização e acompanhamento das pessoas com excesso de peso ou obesas.
Para as associações, existe falta de formação dos médicos e de consultas de obesidade nos cuidados primários de saúde, o que cria uma barreira ao diagnóstico e ao tratamento.
Por isso, dizem que é necessário apostar na formação dos profissionais de saúde e na criação de consultas de especialidade em obesidade, à semelhança das que existem para a diabetes e para a hipertensão, além de um maior investimento em nutricionistas e psicólogos.
A obesidade, em Portugal, afeta 1,5 milhões, 16,9% da população.
Contudo, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), aponta para 28,7% dos portugueses, colocando Portugal como terceiro país europeu com maior prevalência da doença, atrás da Hungria e da Turquia, o que leva a Federação Mundial da Obesidade a prever que, em 2025, deverão existir 2,4 milhões de obesos no país.
Estima-se que em Portugal se gaste 207 euros "per capita"/ano a tratar doenças relacionadas com excesso de peso, o equivalente a 10% da despesa total em saúde.
Relação com a covid-19
Um estudo internacional citado pelas associações concluiu que pessoas com problemas de obesidade têm risco 46% mais elevado de contrair covid-19, um risco de 48% de morte por covid-19, 113% de virem a precisar de tratamento hospitalar e 74% de cuidados intensivos.
Por outro lado, o confinamento social contribuiu para que 26,4% dos portugueses tenham aumentado de peso.