O Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal (SBN) convocou uma greve dos bancários do Millennium BCP, à qual se juntam os trabalhadores do Banco Santander Totta, para sexta-feira "contra os despedimentos coletivos e pelo fim imediato e sem reservas dos processos de despedimento, ameaça ou iniciativa de despedimento coletivo e extinção de posto de trabalho". A Comissão de Trabalhadores do Santander acusa a administração de, através da reestruturação, ter iniciado um "processo estratégico de substituição". Já para o Santander a "rescisão unilateral é "a últimas das soluções", visto que "o banco não deseja fazer despedimento coletivo".
Os principais bancos portugueses tem reduzido milhares de postos de trabalho este ano - depois de o setor bancário ter cortado cerca de 15 mil postos de trabalho entre 2009 e 2020 - sendo o BCP e o Santander Totta os que têm processos mais "agressivos", nomeadamente intenção de despedimentos coletivos. O Santander anunciou numa nota interna, a 20 de agosto, que não conseguiu chegar a acordo para a saída de 350 trabalhadores, de um total de 685 inicialmente previstos, e que, por isso, ia avançar com um processo de redução de pessoal "unilateral e formal" a partir deste mês de setembro.
O Banco Santander Totta confirmou à RTP que o processo de despedimento coletivo já se iniciou, mas acrescentando que das pessoas abrangidas já há "algumas que chegaram a acordo", sendo o objetivo da entidade "chegar a acordo com o máximo possível" de trabalhadores.
A Comissão de Trabalhadores disse, por seu lado, que, ao dia de hoje, há ainda cerca de 160 a 165 trabalhadores em risco de despedimento coletivo por não terem chegado a acordo com a administração. Os sindicatos já tinham acusado, anteriormente, os bancos de repressão laboral e de chantagem para com os trabalhadores, considerando que os pressionam a sair por rescisão ou por reforma antecipada.
Os trabalhadores e sindicalistas que aderirem a este protesto vão concentrar-se, no dia 1 de outubro, a partir das 09h00 da manhã, em frente à agência do Santander na Rua da Mesquita, na cidade de Lisboa.
Como explicou o coordenador da Comissão de Trabalhadores do Santander, os funcionários deste banco juntam-se à greve contra os "despedimentos e estas saídas forçadas da banca" e, fundamentalmente, para "garantir aos trabalhadores que cá vão continuar que vai diminuir o assédio moral" e as "ameaças de despedimento, que estão permanentemente sobre a cabeça dos trabalhadores".
Processo de reestruturação prevê "substituição de trabalhadores"
João Pascoal, coordenador da Comissão de Trabalhadores do Santander, esclareceu que os objetivos desta greve, que assume que já "é tardia", são "impedir que continue este processo de despedimento coletivo", assim como o processo de "rescisões, chamadas por mútuo acordo mas que são forçadas na sua maioria".
"O processo de reestruturação destes bancos, quer do Santander quer de outros bancos, é um processo que prevê a redução dos trabalhadores mas, fundamentalmente, é de substituição de trabalhadores", acusou em entrevista à RTP.
Segundo João Pascoal, as administrações dos bancos "querem reduzir milhares dos atuais trabalhadores para, posteriormente, empregarem algumas centenas de trabalhadores com outro nível de contrato, mais precário e com baixos salários".
"Concretamente, no Banco Santander hoje existem anúncios para emprego a 700 euros (…), para trabalhos que hoje são executados por funcionários que têm entre 20 a 30 anos de antiguidade e que, naturalmente, pelas suas carreiras profissionais estão a ser pagos muito acima desses valores mínimos".
O representante dos bancários do Santander denunciou ainda que, dentro do grupo dos 685 trabalhadores incluídos no quadro de redução de pessoal, a maioria tem mais de 45 a 50 anos de idade e que "são pagos pelos valores do contrato coletivo (…) com salários muito acima daqueles salários com que estão agora a contratar os jovens trabalhadores".
"As pessoas que estão a ser corridas dos bancos, quer por rescisões por mútuo acordo, quer por reformas antecipadas ou por despedimento coletivo, têm na sua esmagadora maioria 50 ou mais anos, havendo algumas na casa dos 40 a 45 anos".
"É um processo de redução mas é, fundamentalmente, um processo estratégico de substituição, de precarização do trabalho e de mais baixos salários".
Processo de reestruturação prevê "substituição de trabalhadores"
João Pascoal, coordenador da Comissão de Trabalhadores do Santander, esclareceu que os objetivos desta greve, que assume que já "é tardia", são "impedir que continue este processo de despedimento coletivo", assim como o processo de "rescisões, chamadas por mútuo acordo mas que são forçadas na sua maioria".
"O processo de reestruturação destes bancos, quer do Santander quer de outros bancos, é um processo que prevê a redução dos trabalhadores mas, fundamentalmente, é de substituição de trabalhadores", acusou em entrevista à RTP.
Segundo João Pascoal, as administrações dos bancos "querem reduzir milhares dos atuais trabalhadores para, posteriormente, empregarem algumas centenas de trabalhadores com outro nível de contrato, mais precário e com baixos salários".
"Concretamente, no Banco Santander hoje existem anúncios para emprego a 700 euros (…), para trabalhos que hoje são executados por funcionários que têm entre 20 a 30 anos de antiguidade e que, naturalmente, pelas suas carreiras profissionais estão a ser pagos muito acima desses valores mínimos".
O representante dos bancários do Santander denunciou ainda que, dentro do grupo dos 685 trabalhadores incluídos no quadro de redução de pessoal, a maioria tem mais de 45 a 50 anos de idade e que "são pagos pelos valores do contrato coletivo (…) com salários muito acima daqueles salários com que estão agora a contratar os jovens trabalhadores".
"As pessoas que estão a ser corridas dos bancos, quer por rescisões por mútuo acordo, quer por reformas antecipadas ou por despedimento coletivo, têm na sua esmagadora maioria 50 ou mais anos, havendo algumas na casa dos 40 a 45 anos".
"É um processo de redução mas é, fundamentalmente, um processo estratégico de substituição, de precarização do trabalho e de mais baixos salários".
Menos bancos e menos "intervenção humana" levam a redução de pessoal
O Banco Santander Totta confirmou à RTP a reestruturação e a redução de pessoal, negando, contudo, que seja para substituir os funcionários.
Embora, como em todas as empresas, haja sempre o objetivo de "rejuvenescer" as equipas laborais, "esta redução de pessoal no Santander, que tem ocorrido este ano", tem haver com a redução comercial e a menor "internveção humana" em determinadas funções.
"Primeiro: a redução da rede comercial – o banco tem vindo a reorganizar a sua rede de balcões (...). E, por outro lado, as pessoas vão muito menos hoje aos balcões. A digitalização e a pandemia acentuaram isso", explicou fonte oficial do Santander.
Segundo a mesma fonte, as pessoas procuram "muito menos os balcões físicos, embora eles existam e vão continuar a existir", e optam sobretudo "pelos meios online".
"Há menos de 20 a 30 por cento de clientes nos nossos balcões", explicou a fonte, o que "fez com que tivéssemos de fazer uma reorganização da nossa rede de balcões, encerrando vários balcões que estavam próximos uns dos outros", por exemplo.
Outro motivo que leva a esta reestruturação, e consequente redução de pessoal, é que "nos serviços centrais do banco há também funções que, por força dos processos de automação e de reorganização, de otimização de processos, têm hoje muito menos intervenção humana"."Há uma série de funções que, até há uns tempos, eram desenvolvidas com uma forte intervenção humana e hoje são feitas de uma forma mais automática", acrescentou, esclarecendo que, por essa razão, alguns postos de trabalho tornaram-se "redundantes e desnecessários". Para o banco estes postos de trabalho, que agora necessitam menos do esforço humano, "pesam na estrutura do banco", o que "não garante a sustentabilidade futura do banco".
Em junho deste ano, o Banco Santander Totta aprovou um plano de reestruturação que "incidia sobre 685 pessoas" e um "pacote de condições que não tem paralelo no mercado, com vista a uma saída negociada e por acordo desses colaboradores" – quer por planos de pré-reforma para pessoas com 54 ou mais anos, quer por rescisões por mútuo acordo – mas, "com um conjunto de benefícios" – como créditos, apoios de saúde e recolocação noutras funções para quem o pretender.
Até agora, garantiu a fonte do Santander, "dos 685 colaboradores que foram envolvidos no plano de reestruturação, mais de 500 já chegaram a acordo com o banco".
"Com greve ou sem greve. Continuamos a pretender chegar a acordo com o máximo de colaboradores possível".A rescisão unilateral é, para o Santander, "a última das soluções", segundo diz aquela fonte.
Embora, como em todas as empresas, haja sempre o objetivo de "rejuvenescer" as equipas laborais, "esta redução de pessoal no Santander, que tem ocorrido este ano", tem haver com a redução comercial e a menor "internveção humana" em determinadas funções.
"Primeiro: a redução da rede comercial – o banco tem vindo a reorganizar a sua rede de balcões (...). E, por outro lado, as pessoas vão muito menos hoje aos balcões. A digitalização e a pandemia acentuaram isso", explicou fonte oficial do Santander.
Segundo a mesma fonte, as pessoas procuram "muito menos os balcões físicos, embora eles existam e vão continuar a existir", e optam sobretudo "pelos meios online".
"Há menos de 20 a 30 por cento de clientes nos nossos balcões", explicou a fonte, o que "fez com que tivéssemos de fazer uma reorganização da nossa rede de balcões, encerrando vários balcões que estavam próximos uns dos outros", por exemplo.
Outro motivo que leva a esta reestruturação, e consequente redução de pessoal, é que "nos serviços centrais do banco há também funções que, por força dos processos de automação e de reorganização, de otimização de processos, têm hoje muito menos intervenção humana"."Há uma série de funções que, até há uns tempos, eram desenvolvidas com uma forte intervenção humana e hoje são feitas de uma forma mais automática", acrescentou, esclarecendo que, por essa razão, alguns postos de trabalho tornaram-se "redundantes e desnecessários". Para o banco estes postos de trabalho, que agora necessitam menos do esforço humano, "pesam na estrutura do banco", o que "não garante a sustentabilidade futura do banco".
Em junho deste ano, o Banco Santander Totta aprovou um plano de reestruturação que "incidia sobre 685 pessoas" e um "pacote de condições que não tem paralelo no mercado, com vista a uma saída negociada e por acordo desses colaboradores" – quer por planos de pré-reforma para pessoas com 54 ou mais anos, quer por rescisões por mútuo acordo – mas, "com um conjunto de benefícios" – como créditos, apoios de saúde e recolocação noutras funções para quem o pretender.
Até agora, garantiu a fonte do Santander, "dos 685 colaboradores que foram envolvidos no plano de reestruturação, mais de 500 já chegaram a acordo com o banco".
"Com greve ou sem greve. Continuamos a pretender chegar a acordo com o máximo de colaboradores possível".A rescisão unilateral é, para o Santander, "a última das soluções", segundo diz aquela fonte.
A greve marcada para sexta-feira é a primeira greve conjunta dos sindicatos do setor em 33 anos e segue-se a um período em que houve audições no Parlamento, e inclusive encontros de sindicatos com o presidente da República. Estes passos, contudo, não travaram as rescisões unilaterais nem a redução do número de afetados pelos despedimentos coletivos.
Sindicatos entregam providência cautelar contra despedimentos no BCP e Santander
O Mais Sindicato, o Sindicato dos Bancários do Centro (SBC) e o Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal (SBN) entregaram esta quinta-feira, no Porto e em Lisboa, uma providência cautelar contra os despedimentos no BCP e no Santander.
"As direções dos três sindicatos dos bancários da UGT deliberaram o recurso às vias judiciais para que os tribunais declarem a suspensão, atendendo à sua nulidade, dos processos em curso, pois consideram não haver qualquer justa causa objetiva para o despedimento", pode ler-se no comunicado das três estruturas enviado esta quinta-feira às redações.
Os sindicatos consideram que está a ser feita uma "instrumentalização de um expediente legal para a aplicação de uma sanção a todos os que não aceitaram sair do banco por reforma ou rescisão por mútuo acordo".
"A forma como ambos os Bancos conduziram os processos, ameaçando os trabalhadores envolvidos de que se não saíssem por acordo seriam alvo de despedimento coletivo, traduz-se numa pressão inadmissível e põe em causa a sua boa-fé negocial", entendem as estruturas representativas dos trabalhadores.
Os sindicatos afirmam que "ao longo de meses utilizaram todos os meios ao seu alcance para evitar a concretização da pretensão do BST [Banco Santander Totta] e do BCP".
"Agora que os bancos confirmam a sua intenção de proceder ao despedimento de dezenas de bancários, recorrendo à instrumentalização de um mecanismo legal, em clara e patente fraude à lei, os três Sindicatos consideram que devem, desde já, envolver os tribunais, estando certos da legitimidade da sua pretensão", de acordo com o comunicado
Os três sindicatos "continuarão a tudo fazer para defender os seus associados", conclui o texto.
O Mais Sindicato, o Sindicato dos Bancários do Centro (SBC) e o Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal (SBN) entregaram esta quinta-feira, no Porto e em Lisboa, uma providência cautelar contra os despedimentos no BCP e no Santander.
"As direções dos três sindicatos dos bancários da UGT deliberaram o recurso às vias judiciais para que os tribunais declarem a suspensão, atendendo à sua nulidade, dos processos em curso, pois consideram não haver qualquer justa causa objetiva para o despedimento", pode ler-se no comunicado das três estruturas enviado esta quinta-feira às redações.
Os sindicatos consideram que está a ser feita uma "instrumentalização de um expediente legal para a aplicação de uma sanção a todos os que não aceitaram sair do banco por reforma ou rescisão por mútuo acordo".
"A forma como ambos os Bancos conduziram os processos, ameaçando os trabalhadores envolvidos de que se não saíssem por acordo seriam alvo de despedimento coletivo, traduz-se numa pressão inadmissível e põe em causa a sua boa-fé negocial", entendem as estruturas representativas dos trabalhadores.
Os sindicatos afirmam que "ao longo de meses utilizaram todos os meios ao seu alcance para evitar a concretização da pretensão do BST [Banco Santander Totta] e do BCP".
"Agora que os bancos confirmam a sua intenção de proceder ao despedimento de dezenas de bancários, recorrendo à instrumentalização de um mecanismo legal, em clara e patente fraude à lei, os três Sindicatos consideram que devem, desde já, envolver os tribunais, estando certos da legitimidade da sua pretensão", de acordo com o comunicado
Os três sindicatos "continuarão a tudo fazer para defender os seus associados", conclui o texto.