Terrenos da Cividade de Bagunte revertem para Câmara de Vila do Conde 66 anos depois
Vila do Conde, Porto, 14 mar (Lusa) - A Câmara Municipal de Vila do Conde conseguiu, 66 anos depois, adquirir os terrenos onde se situam as ruínas da Cividade de Bagunte, um dos achados arqueológicos mais importantes do concelho.
Este desfecho das negociação com os proprietários do terreno, iniciadas em 1949, permite à autarquia ter posse das parcelas de terreno, que totalizam cerca de 18 hectares, que incluiu a totalidade da área de ruínas já a descoberto, bem como zonas onde se sabe existirem vestígios do povoado, mas que ainda estão por escavar arqueologicamente.
Elisa Ferraz partilhou com a Agência Lusa a "satisfação pelo encerrar deste dossier", considerando que tal "consubstanciou a vontade e interesse do município de que o espaço fosse para o domínio público, de forma que possa continuar a ser investigado e preservado".
"Pretendemos continuar a qualificar, a investir nos trabalho arqueológicos e mostrar este património único no nosso concelho, que ao longo dos anos tem vindo a ser visitado por milhares de pessoas, nomeadamente estudantes de Portugal e do estrangeiro", afirmou a autarca.
A presidente da Câmara esclareceu que "desde a década de 40 que os trabalhos arqueológicos decorrem no local" e que, apesar não ter havido entendimento sobre a posse dos terrenos, sempre houve abertura para as escavações acontecerem".
No entanto, Elisa Ferraz reputou, agora, a aquisição dos terrenos de maior importância, uma vez que permitiu ao concelho integrar a Rede de Castros do Noroeste da Península Ibérica.
"Passamos a integrar uma rede de divulgação e salvaguarda deste conjunto de sítios arqueológicos, que é fundamental para se proceder à sua valorização enquanto espaço patrimonial e destino turístico", sublinhou a presidente da Câmara.
A Cividade de Bagunte é um dos grandes povoados da Cultura Castreja do Noroeste da Península Ibérica e terá sido um centro populacional de apreciáveis dimensões, que remonta à Idade do Ferro, tendo sido posteriormente romanizado.
Em 1910 e ainda durante a monarquia, a cividade já havia sido classificada como Monumento Nacional, após os primeiros trabalhos arqueológicos, que foram, posteriormente, aprofundados em 1944 e 1946, na sequência de uma grande campanha que revelou a maior parte das ruínas hoje conhecidas.