Uma tempestade que está a formar-se no Atlântico obrigou a accionar um alerta de mau tempo para todo o território português. A Protecção Civil accionou o alerta laranja (o segundo mais grave de uma escala de quatro) para todos os distritos, em particular na faixa litoral. É esperada chuva intensa e rajadas de vento de 160 km/hora, com probabilidade de inundações e derrocadas.
Em conferência de imprensa, o meteorologista José Eduardo Duarte, do Instituto de Meteorologia (IM), sublinhou no entanto que apesar de existir "risco de precipitação forte" para a Madeira "não se prevêem valores semelhantes ao registados" no último fim-de-semana.
"Para a Madeira existe o risco de precipitação forte. Temos uma massa de ar muito húmida e quente, e devido a aerografia da ilha poderá haver precipitações sobretudo na parte Sul da ilha", explicou José Eduardo Duarte, acrescentando que o "risco de precipitação mais intensa no arquipélago prevê-se para o período entre as 24:00 e as 6:00".
O meteorologista explicou ainda que "não é tanto a quantidade, a intensidade ou duração da precipitação" que preocupa: "Não se prevêem valores semelhantes ao registados da outra vez. Mas é uma situação de risco, atendendo ao histórico da ilha, onde o nível da água nos solos já atingiu a sua saturação".
Numa primeira fase foram colocados em alerta laranja os distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Bragança, Porto, Aveiro, Viseu, Guarda, Coimbra, Leiria, Castelo Branco, Santarém, Lisboa e Setúbal, sendo que Portalegre, Évora, Beja e Faro estariam sob aviso amarelo (o segundo menos grave da mesma escala).
No entanto, numa comunicação posterior, a Protecção Civil estendeu o alerta laranja a todo o território nacional.
No mar, prevê-se que as ondas possam atingir os sete metros na costa Ocidental, de acordo com o comandante operacional nacional de operações e socorro, Gil Martins: "Os efeitos mais prováveis num cenário como o expectável são inundações por transbordo de rios com especial atenção para as bacias do Douro, Vouga e Tejo, cheias rápidas em meio urbano e aumento de número de acidentes de viação".
Alerta vermelho para o Litoral Norte
De acordo com José Eduardo Duarte, a situação climatérica deverá fazer-se sentir com maior intensidade no Continente nas primeiras horas da manhã de sábado, "sobretudo na região do Litoral Norte".
"No Continente, durante a madrugada vai começar a sentir-se gradualmente uma intensificação do vento. No início da manhã já teremos situações para avisos meteorológicos", indicou o especialista do IM, para apontar o aviso mais elevado (vermelho) para o "Litoral Norte e boa parte daquela região devido a rajadas de vento superiores a 130 quilómetros por hora, que poderão atingir os 150".
"Vamos também ter um vento médio excepcionalmente forte. A gravidade da situação extrema prevista ao nível do vento para o continente vai afectar todo o território, mas prevemos que a intensidade seja maior nas zonas do Minho, Douro e no Litoral Norte", explicou.
A situação climatérica deverá melhorar ainda no "sábado a partir da tarde no Sul do país e no final do dia também na Região Norte, com uma diminuição da intensidade do vento".
Mau tempo condiciona aeroporto do Funchal
Um nevoeiro intenso condicionou o funcionamento do Aeroporto Internacional da Madeira, no Funchal. Pelo menos dois voos foram desviados para Porto Santo e outro obrigado a regressar a Lisboa. O alerta mantém-se na região também devido à chuva.
Segundo uma fonte aeroportuária, um avião da EasyJet, proveniente de Gatwick, e um da TAP, de Lisboa, rumaram para a ilha do Porto Santo devido a condições atmosféricas adversas.
O aeroporto registou ainda o cancelamento da ligação matinal da EasyJet proveniente de Lisboa e atrasos que variam entre uma e duas horas nas ligações com a Madeira.
De acordo com o serviço de Meteorologia no aeroporto da Madeira, nuvens baixas e consequente falta de visibilidade vão manter-se e agravar-se-ão durante a noite até às 8:00 horas de sábado.
Também o navio "Lobo Marinho" cancelou hoje a viagem entre o Funchal e Porto Santo devido ao mau estado do mar, deixando 290 pessoas na capital madeirense.
E acordo com Rui Quental, comandante da embarcação, a viagem das 19:00 foi cancelada e, além dos 290 passageiros, ficaram no Funchal 23 automóveis e 14 veículos de mercadorias e dois pesados. Em Porto Santo, na viagem de regresso agendada para as 22:00, não partirão da ilha meia centena de pessoas que já haviam comprado bilhete.
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