A afirmação é de Américo Mendes, um dos fundadores da Associação Florestal de Portugal, no dia em que o Governo anunciou que criou um grupo de trabalho para fazer a reforma do da floresta nacional. No Jornal 2, o investigador lembrou que não é possível voltar a ter o mesmo número de pessoas na floresta que se verificava nos anos 50. O caminho tem de passar pelo emparcelamento associativo de custos e benefícios.
O Governo assume a intervenção do Laboratório Nacional de Engenharia Civil e da engenharia militar nas obras emergentes.
Quanto aos trabalhos de fundo, será estudado o recurso a dinheiros comunitários.
Os orçamentos da Região e do Estado respondem pelo resto. Lisboa liberta verbas de imediato para o apoio à reconstrução das habitações onde os seguros não cubram os custos e para o alojamento temporário de quem perdeu o teto.
O Governo dá assim prioridade ao apoio a quem foi mais afetado pelos fogos dos últimos dias ao mesmo tempo que aposta no combate mas decidiu esta quinta feira avançar com um grupo de trabalho para pensar a floresta.
Em outubro o Conselho de Ministros deverá tomar decisões quanto a um novo rumo que dê prioridade ao ordenamento e à prevenção.
"Apostar no associativismo florestal"
No Jornal 2, Américo Mendes, professor universitário, foi claro quanto ao rumo a tomar: "Temos que apoiar mais as brigadas de sapadores florestais, apostar no associativismo florestal e envolver as autarquias nestas questões de uma forma diferente do que tem sido feito até aqui".
O também membro fundador da FORESTIS - Associação Florestal de Portugal lembra que dinheiro para avançar no terreno com trabalho produtivo já existe. "Todos pagamos um imposto cada vez que metemos combustível que reverte para o Fundo Florestal Permanente, mas o dinheiro não chega à floresta". Perde-se, diz, em centenas de gabinetes técnicos (praticamente um por cada município português).
"Acontece que as manchas florestais não conhecem as fronteiras administrativas e cada gabinete não se coordena com o dos municípios vizinhos. O dinheiro perde-se e tem poucos efeitos práticos no terreno".
O professor universitário defende a criação de estruturas técnicas de apoio aos silvicultores que respeitem as manchas florestais e que atuem ao nível supra-municipal, em articulação com as associações de produtores e não em paralelo a estas num claro desperdício de recursos.
Esta noite estiveram ativos no continente 150 focos de incêndios. Arouca, Águeda, Vila Nova de Cerveira, Arcos de Valdevez, Montemor-o-Velho ou Santa Comba Dão foram alguns dos 12 que mais preocuparam a Proteção Civil.