O secretário de Estado do Desporto pediu esta quarta-feira a demissão de Mário Costa do cargo de presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga. A decisão surge na sequência de uma investigação da RTP que aponta para suspeitas de tráfico humano na academia Bsports.
No total, 114 jovens e menores entre os 13 e os 22 anos foram resgatados da Academia por elementos do SEF. Ao longo dos dias seguintes foram entregues às famílias, em países da América Latina, de África e até da Ásia.
Os jovens viviam num regime de internato. A academia em causa retinha os passaportes e só podiam sair das instalações com autorização superior.
Estes jovens chegaram a Portugal atraídos por contratos de formação académica e na área do futebol, com promessas de serem colocados em clubes das Ligas Nacionais. Os pais pagavam entre 600 a 1.300 euros por mês.
O presidente da Assembleia Geral da Liga de Clubes, cuja demissão foi agora pedida pelo secretário de Estado do Desporto, é suspeito de tráfico de menores e foi constituído arguido. Mário Costa é o presidente da Bsports Portugal.
Liga Portugal reunida para avaliar impacto
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras realizou buscas, na passada segunda-feira, à residência do dirigente desportivo e na academia de futebol.
No mesmo dia, Mário Costa enviou uma nota às redações a afirmar que aguardava “serenamente o desenrolar das investigações certo e confiante de que se apurará a verdade dos factos que revelará que nenhum ilícito criminal foi praticado”.
O presidente da Liga Portugal, Pedro Proença, convocou entretanto para esta quarta-feira uma “reunião de urgência” destinada a avaliar o impacto do caso.
A reunião conta com os presidentes da Mesa da Assembleia Geral, do Conselho Jurisdicional e do Conselho Fiscal.
Nesta reunião, “será avaliado o impacto das notícias mais recentes relacionadas com o presidente da Mesa da Assembleia Geral, Mário Costa, na gestão e estabilidade da Liga Portugal”, segundo um comunicado do organismo.
Trancados a cadeado
O alerta para o caso partiu dos pais dos jovens integrados na Bsports. Nos contratos celebrados com as famílias, a academia comprometia-se a dar formação académica e desportiva aos jovens, com mensalidades entre os 600 e os 2.000 euros por mês.
No entanto, além da falta de professores e de condições no edifício, os jovens seriam obrigados a entregar os documentos de identificação aos seguranças. Não poderiam sair do recinto sem estarem acompanhados e, à noite, seriam trancados nos quartos a cadeado.
Três jovens guineenses na Academia Bsports terão ameaçado suicidar-se.