Spinumviva. Ana Gomes enviou participação para Procuradoria Europeia
A Procuradoria-Geral da República anunciou que foi aberta uma averiguação preventiva ao primeiro-ministro e à Spinumviva, tendo revelado que foram feitas três queixas, uma delas apresentada por Ana Gomes. A antiga eurodeputada explicou à RTP que deu conhecimento à PGR, à Polícia Judiciária e à Unidade de Informação Financeira da participação enviada para a Procuradoria Europeia.
"Há uma relação da empresa do primeiro-ministro com o setor dos casinos", começou por clarificar. "E o setor dos casinos (...) é um setor muito vulnerável à instrumentalização pela criminalidade organizada, para branquear capitais".
"Eu não fiz nenhuma denúncia e nenhuma denúncia anónima. Fiz uma participação com base em factos públicos, que juntei, e que naturalmente ligam a Spinumviva, a empresa familiar do primeiro-ministro, a uma empresa de casinos visto que ela era uma conduta para o primeiro-ministro receber dinheiro dos casinos".
"É uma área que depende não só pela concessão do Estado do jogo, dos casinos físicos (...) mas também do jogo online. É uma concessão do jogo online, que no caso do Solverde, aceita criptomoedas".
Para Ana Gomes, esta questão precisa de "ser devidamente investigada".
Mas não foi apenas porque o Grupo Solverde recebia fundos europeus que fez a queixa.
O que a alarmou foi o "facto da Procuradoria, face a todas as notícias públicas suscitadas por este caso em particular, porque não é normal um primeiro-ministro estar a receber dinheiro de empresas, seja porque meio for"
"Ainda menos normal é receber de um grupo de casinos", acrescentou.
Ana Gomes fez a participação no dia 10 e dois dias depois a Procuradoria-Geral da República anunciou que tinha desencadeado "uma investigação preventiva".
"Eu limitei-me a reunir as peças de um puzzle, na base daquilo que fomos sabendo da Spinumviva (...). E a partir daí, o quadro que se desenhou deixou-me muito preocupada".
Na ótica da jurista, "há uma série de indícios altamente preocupantes (...) ligados ao funcionamento da supervisão eficaz do setor dos jogos e casinos".
"É um setor que o Ministério Público sabe que é particularmente vulnerável à instrumentalização pela criminalidade organizada para branquear capitais".
Amadeu Guerra não adiantou prazos e explicou que a averiguação preventiva terá como base informações obtidas em fontes abertas e que serão pedidos dados a várias entidades.