As pessoas que sorriem com os lábios unidos, sem mostrar os dentes, são vistas pelos outros como mais afectivas, segundo um estudo comparativo sobre o efeito dos diferentes sorrisos na percepção da afectividade.
Segundo explicou à Agência Lusa o autor do estudo, o psicólogo e professor Freitas-Magalhães, existem três tipos de sorriso: o largo, quando os lábios deixam ver os dentes, o sorriso superior, em que apenas se mostram os dentes de cima e o sorriso fechado, que esconde os dentes, sem alterar muito a fisionomia do rosto.
Em contraste, surge a face neutra ou sem sorriso, que é a que menos permite inferir sobre a afectividade de quem sorri.
De todos, o sorriso fechado parece ser o que melhor traduz a afectividade já que, como explicou o especialista, "quanto mais as pessoas sorrirem com um sorriso fechado, mais afectivamente são percepcionadas", por este ser também um "sorriso de sedução".
Quanto às diferenças entre sexos, "as mulheres usam mais o sorriso fechado que os homens, daí que sejam vistas como mais afectivas do que eles", precisou Freitas-Magalhães.
O investigador salientou ainda que "as mulheres sorriem mais socialmente, até para evitarem situações desagradáveis. Sorriem e não sabem porquê, o que parece um paradoxo, mas que na verdade é uma forma de agradar os outros". É um sorriso quase involuntário, mais "verdadeiro" e "sedutor", considerou.
Já os homens sorriem "em sinal de dominação", de forma mais "voluntária e estratégica", disse.
Em comum, porém, homens e mulheres têm o "sorriso amarelo", uma expressão usada só em Portugal e que, segundo o psicólogo, é conotada com "um sorriso de troça e que não é verdadeiro".
Neste estudo, iniciado em final de 2003 e terminado este ano, colaboraram 400 rapazes e 400 raparigas entre os 18 e os 25 anos, todos estudantes universitários, a quem foram mostradas imagens dos três tipos de sorrisos e da face neutra com o objectivo de ver até que ponto condicionavam a percepção da afectividade.
Segundo Freitas-Magalhães "este é um estudo inédito a nível mundial. Existem apenas investigações sobre a influência do sorriso na percepção da totalidade psicológica da pessoa, dos tipos de personalidade e das suas características", ao contrário desta investigação, que recai exclusivamente sobre a percepção afectiva dos outros em relação ao sorriso.
O investigador apresentará o estudo sexta-feira, na 9ª Conferência Internacional sobre Motivação, que decorre até 02 de Outubro no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em Lisboa.
Segundo o programa da iniciativa, que se realiza bi- anualmente, esta edição abordará a temática da "Cognição, Motivação e Afecto: sua interdependência e inter-relação", com simpósios e intervenções de especialistas portugueses e estrangeiros como Jacquelynne Eccles, Anastasia Efklides, Peter Nenninger e Frederico Pereira.
O investigador Freitas-Magalhães falará do seu estudo no âmbito do painel sobre "afecto e comportamento em contextos interpessoais". As intervenções da conferência serão em inglês, língua oficial do evento.