As comissões políticas de federações do PS vão eleger a 6 e 7 de Maio, em congressos, direcções conotadas com José Sócrates, fazendo com que o actual líder tenha no final do ano a sua reeleição quase garantida.
"Se, no país, José Sócrates tem um amplo apoio enquanto primeiro-ministro, esse apoio mais se amplifica dentro do partido", afirmou à agência Lusa o porta-voz da Comissão Permanente do PS, Vitalino Canas, numa referência ao próximo congresso nacional dos socialistas, previsto para o último trimestre deste ano.
A anteceder os congressos das federações, realizaram-se no passado fim-de-semana as eleições directas dos militantes para as lideranças das estruturas políticas distritais, para as quais não foi eleito nenhum apoiante da corrente que apoiou a candidatura presidencial de Manuel Alegre.
Segundo o secretário nacional da Organização do PS, Marcos Perestrello, "os índices de participação nas eleições federativas do partido foram elevados, porque votaram mais de 30 mil militantes (sem contabilizar os votos do distrito de Coimbra), apenas menos cinco mil do que no congresso nacional de 2004", no qual Sócrates bateu as candidaturas de Manuel Alegre e de João Soares.
"As eleições federativas contribuíram também para uma ampla renovação dos quadros dirigentes do partido, porque, em 19 federações, há oito líderes novos", sustentou.
De acordo com os dados do PS, os novos líderes federativos são Afonso Candal (Aveiro), Norberto Patinho (Évora), José Manuel Custódio (região do Oeste), João Paulo Pedrosa (Leiria), Renato Sampaio (Porto), António Rodrigues (Santarém), Vítor Ramalho (Setúbal) e Rui Santos (Vila Real).
Marcos Perestrello referiu também que se realizaram "eleições disputadas nas federações de Setúbal, Coimbra, Braga e Coimbra" e que o "único ponto negativo foi a ausência de eleição de mulheres para a presidência das estruturas federativas do PS".
Face ao conjunto dos eleitos para as presidências das federações do PS, Vitalino Canas concluiu que os resultados "provam que há um amplo consenso em relação à linha política reformista seguida pelo partido e pelo Governo".
Vitalino Canas vai mesmo mais longe ao sustentar que as grandes prioridades do PS para os próximos anos "são idênticas às prioridades do Governo, cabendo fundamentalmente ao partido apoiar o executivo na execução do seu programa até ao final da legislatura".
Vitalino Canas fez ainda um balanço positivo da actividade do PS ao longo do último ano, desde que José Sócrates assumiu as funções de primeiro-ministro, considerando que, através do movimento "Novas Fronteiras", o partido "abriu-se à sociedade civil".
Opinião contrária à de Vitalino Canas foi manifestada à agência Lusa por vários elementos do grupo parlamentar do PS, que criticaram a "ausência de debate interno" entre as esferas do Governo, da bancada socialista e as estruturas de base.
De todos os deputados, apenas Ricardo Gonçalves (eleito por Braga) aceitou romper o anonimato para secundarizar os índices de participação registados nas últimas eleições federativas.
"As lutas que há nas federações do partido são locais e esgotam-se nos distritos. No partido, não há qualquer articulação, nem qualquer debate ideológico, entre a direcção nacional e as bases. Esta estratégia não serve", sustentou, apesar dos elogios que este deputado eleito por Braga faz à acção do primeiro-ministro.
Tal como outros deputados da bancada do PS, mas que preferiram manter o anonimato, Ricardo Gonçalves desvalorizou a "pacificação" entre ex-apoiantes de Manuel Alegre e da actual liderança do partido, criticando, em contraponto, a ideia de o seu partido "estar a ser governado por uma espécie de Tratado de Tordesilhas".
"A componente liberal ficou com o Governo e entregaram à esquerda fixista a direcção do grupo parlamentar do PS", apontou.