Silva Graça. Ressurgimento de casos Covid é preocupante

por RTP

O médico infecciologista Silva Graça sublinhou esta noite no 360 que "é difícil contabilizar o aumento do número de infeções" atribuídas à Covid-19 devido à escassez de dados. Considera contudo que a comunidade devia estar mais atenta e prevenir-se face a novas infeções, dado aumento dos casos identificados no verão e que podem ser só a ponta do icebergue.

Entre julho e agosto foi indicado um aumento de 92 por cento de casos de Covid-19 em Portugal entre julho e agosto. O especialista reconhece que "aumentou o número de infeções respiratórias numa época em que estas não deviam ser muito frequentes" e que este tem sido atribuído clinicamente à Covid-19.

Contudo a informação "é escassa, é tardia e até pouco fiável" apontou Silva Graça, para justificar a dificuldade de estabelecer com maior precisão o ritmo de progressão de casos.

O infecciologista referiu ainda que apenas tem sido revelado o número de infeções e de óbitos mas faltam mais dados como a distribuição regional e o tipo de população afetada, em termos etários, de fragilidade e suscetibilidade e até de vacinação.

Acredita que, com mais dados, se iria perceber que os óbitos se têm verificado precisamente nas faixas etárias mais elevadas ou entre grupos com imunidade comprometida.

Os dados reportados até agora referem-se a um período até 17 de agosto, pelo que faltam detalhes das ocorrências nos últimos 15 dias. Também os dados reportados correspondem a uma "quantidade mínima do número de infeções".

O especialista lembra que as pessoas deixaram de se testar amiúde e perderam também a sensibilidade ao risco de transmissão do vírus.

Silva Graça recomenda o regresso do uso de máscaras para os indivíduos mais frágeis ou cujas profissões, como os profissionais de Saúde, os coloquem em contacto com possíveis casos de infeção.

O médico teme que a Covid-19 esteja a ser "banalizada" e lembra a anormalidade do número de casos de infeções respiratórias registados em meses de calor.

A família de uma nova variante do vírus da Covid-19 já é responsável por cerca de 24 por cento das infeções identificadas, tratadas e analisadas. "Sabemos que estes vírus, como a Eris-eg,5, têm maior facilidade de transmissão", embora "não provoquem doença mais grave", explicou Silva Graça.

O aumento da mortalidade em Portugal vai por isso em contracorrente a outros países e devia estar a ser estudada, defendeu o especialista.

Desde meados de agosto surgiu entretanto uma outra estirpe do vírus, a Ba2.86, de uma outra família, que "está sujeita a vigilância", revelou, considerando que "teremos de nos habituar a estar permanentemente atentos e a vigiar a evolução destes vírus". Sobretudo porque esta nova variante poderá vir a escapar às vacinas recentemente desenvolvidas.



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