A RTP registou a versão de Pedro Dias e lançou-se numa investigação independente, procurando as testemunhas-chave deste duplo homicídio. São essas provas que podem confirmar ou desmentir o alegado homicida: a começar no militar da GNR que sobreviveu ao primeiro crime e a terminar na mulher de 26 anos que foi baleada na cabeça durante uma alegada tentativa de carjaking.
Já passava das três da manhã quando dois elementos da patrulha da GNR de Aguiar da Beira, em pleno giro da noite, avistaram uma pickup junto a um hotel abandonado. Um local escuro, isolado, longe de tudo e que lançava suspeitas.
Os guardas da GNR pediram informação sobre a matrícula via rádio e o militar Carlos Caetano, de 29 anos, abordou Pedro Dias, que estava dentro da carrinha a dormir. Pouco depois, um disparo à queima-roupa à cabeça do militar.
É a versão do colega da GNR que sobreviveu, a única testemunha. António Ferreira, de 41 anos, estaria a poucos metros de distância e já contou o que aconteceu à mãe do militar assassinado.
No bolso do militar que perdeu a vida ficou a carta de condução que incriminou Pedro Dias. Apesar das provas, o alegado homicida tem outra versão e lança suspeitas sobre o militar que sobreviveu.
Depois de alegadamente ter assassinado Carlos Caetano, Pedro Dias terá conseguido manietar o segundo GNR no local. O militar que sobreviveu terá contado ainda que o suspeito colocou Carlos Caetano na bagageira do carro-patrulha. De seguida, Pedro Dias terá forçado o outro militar a entrar no carro.
Já na estrada, terá obrigado António Ferreira a pedir informações via rádio sobre várias matrículas ao posto de Aguiar da Beira. O Sexta às 9 sabe que esta comunicação foi de facto realizada. Pedro Dias, de 44 anos, queria detalhes sobre um individuo com quem já teria estado envolvido em atividades criminosas.
O carro da GNR só parou num local isolado. O alegado homicida terá obrigado António Ferreira a sair. Enquanto lhe dizia para se algemar, terá disparado uma vez mais à queima-roupa, uma vez mais à cabeça. António Ferreira caiu inanimado no chão.
A família do militar sobrevivente diz que Pedro Dias o abandonou no meio de um pinhal, longe de qualquer povoação, e seguiu viagem no carro patrulha. Só o abandonou depois de ter ficado preso na lama, na localidade de Quinta das Lameiras.
Carlos Caetano ficou na bagageira do carro. Quando foi encontrado pela GNR, o militar ainda tinha sinais vitais. Morreu pouco depois.
Às seis da manhã do dia 11 de outubro, Pedro Dias estaria a pé na estrada. A essa hora, o casal Luís e Liliane Pinto cruzou-se com o suspeito na nacional 229. Iam para Coimbra para conseguir uma vaga na consulta de fertilidade. Tinham saído de Trancoso às cinco e meia da manhã e fizeram apenas 20 quilómetros. O homem de 29 anos foi baleado na cabeça à queima-roupa e morreu de imediato.
A mulher, de 26 anos, terá sido agredida e alvejada, também à queima-roupa, também na cabeça. Luís e Liliane foram abandonados no local do crime. Pedro Dias seguiu viagem no carro das vítimas.
De acordo com a família das vítimas, este carro viria a ser encontrado junto ao hotel abandonado onde terá tido lugar o primeiro contacto do suspeito com a GNR e onde terá baleado o militar Carlos Caetano. Tudo indica que Pedro Dias regressou para recuperar a pickup. Certo é que a viatura desapareceu do local.
Às sete da manhã, o militar alvejado na cabeça e abandonado consegue recuperar os sentidos e procura ajuda. Acaba por chegar a pé a uma casa, em Quinta da Estrada, onde vive um cabo da GNR. Só neste momento a GNR é alertada. Às oito da manhã, a Guarda encontra o militar Carlos Caetano na bagageira do carro-patrulha.
Quase duas horas depois, descobre Liliane Pinto e o corpo de Luís Pinto. Às nove da manhã, Pedro Dias diz que estava a regressar à casa dos pais a Arouca, mas já era oficialmente um fugitivo.
Pedro Dias torna-se o homem mais procurado do país. GNR e PJ montam uma operação de caça ao homem que envolveu mais de centena e meia de operacionais. Logo no primeiro dia, a 11 de outubro, um militar da GNR feriu-se com um disparo acidental. O Sexta às 9 sabe que nessa tarde a Guarda encontrou um saco abandonado por Pedro Dias. A perseguição intensifica-se.
Pedro Dias é avistado em várias localidades no norte do país. Ainda se cruza com as autoridades mas nunca o conseguem travar. Cinco dias depois, a 16 de Outubro, Pedro Dias deixa um rasto numa casa abandonada em Moldes, concelho de Arouca, a sua terra.
Duas pessoas terão sido sequestradas e agredidas depois de surpreenderem o suspeito que aqui estava escondido. Pedro Dias terá levado a carrinha de uma das vítimas. Pedro Dias desaparece e só é avistado em Vila Real.
A carrinha alegadamente roubada em Moldes foi vista na localidade de Carro Queimado a 18 de Outubro. Seis dias depois, o dono de um enoturismo em Sabrosa apresenta queixa por furto de um jipe.
Pedro Dias entregou-se à PJ 28 dias depois. Segundo conta, nunca foi além do perímetro de 200 km entre Vila Real, Arouca e Aguiar da Beira. Apesar da enorme operação de caça ao homem, este homem nunca foi interceptado.