"Sem mudar a paisagem não vamos inverter o ciclo dos fogos"

por João Fernando Ramos

"Sem mudar a paisagem não vamos inverter o ciclo dos fogos". No Jornal 2 o presidente do Fórum Florestal, que é também autarca em Mação (um concelho que em 2003 praticamente ardeu na totalidade), lembra que o caminho passa pela gestão agregada de grandes áreas homogéneas de floresta. Um trabalho que a lei já prevê seja feito através das Zonas de Intervenção Florestal que "já têm a competência de assumir a posse provisória dos terrenos abandonados e sem proprietário conhecido".
No que ao eucalipto diz respeito a opinião é clara: faz parte da floresta de produção. Não pode ser banido. Tem que ser gerido.

"A Floresta portuguesa não são só fogos. São 9% das exportações, 5% do Produto Interno Bruto, 90 mil empregos", lembrou no Jornal 2 o presidente do Fórum Florestal que por isso afirmou que "o eucalipto não pode ser banido da paisagem".

António Louro lembra que é utópico querer uma floresta que não arda todos os anos, mas diz que é possível ter uma que arda muito menos do que a que o país agora possuí.

Melhor gestão dos espaços florestais, com a aposta nas Zonas de Intervenção Florestal ("Que podem gerir em regime de condomínio grandes espaços agregando quem pode, e quem não pode, tratar dos seus terrenos") é o caminho, mas lembra o também autarca de Mação "é um caminho que vai levar décadas a mostrar resultados".

António Louro diz que não é credível que as autarquias venham a gerir diretamente o seu território florestal, assumindo os custos de limpar os terrenos de quem não se conhece o proprietário. O vice-presidente desta autarquia que tem a esmagadora maioria do seu território ocupada por floresta diz que os municípios "têm que ser bem mais críticos quanto às regras que adotam para os seus espaços rurais e têm que assumir a liderança, mas no que toca à mobilização de vontades".

Depois do rescaldo dos grandes incêndios de 2003, Mação lançou mãos à obras. Há dez anos de trabalho intenso e muitas lições aprendidas no terreno. O objetivo: Mudar a paisagem. Tornar a floresta numa fonte de riqueza sustentável.

A autarquia está a fomentar "Empresas de Aldeia" para gerir a floresta, "para gerir os terrenos daqueles que estão fora. Ninguém retira a posse de nada a ninguém. Mas cuida-se da floresta e faz-se negócio. Lucro que pode ser distribuído pelos proprietários depois de descontados os custos de gestão", explica António Louro.

A aposta nas associações de produtores florestais, onde elas estão organizadas, é uma outra opção para uma política onde os municípios têm uma palavra a dizer, mas onde só devem intervir diretamente onde de todo "a sociedade civil não dispõem de força suficiente para o fazer", defende o presidente do Fórum Florestal.
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