Saúde mental esquecida nas últimas décadas, avisa Conselho Nacional de Saúde

por Mário Aleixo - RTP
Jim Young - Reuters

A saúde mental nunca foi uma prioridade em saúde em Portugal. Este é o diagnóstico traçado no relatório anual do Conselho Nacional de Saúde que vai ser apresentado esta segunda-feira à tarde.

O relatório tem como título Sem mais tempo a perder. Saúde mental em Portugal: um desafio para a próxima década e avisa que a saúde mental tem de ser um dos desafios dos próximos dez anos.

O conteúdo do documento, aqui revelado e explicado pelo jornalista da Antena 1 Luís Soares, traça um retrato de falta de financiamento, falta de profissionais e de planos que acabam por não sair do papel.


Em entrevista à Antena 1, o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Henrique Barros, explica que é preciso dar prioridade à saúde mental, que "ficou numa certa indiferença" nas últimas décadas.

"Há um atraso, há um tempo que temos que recuperar se queremos atingir na saúde mental indicadores tão bons como em muitos aspetos da saúde física fomos capazes de conseguir", conclui aquele responsável.

Para isso, o Conselho Nacional de Saúde recomenda, por exemplo, que seja concretizada a integração da saúde mental nos cuidados de saúde primários. Uma ideia que está prevista em vários planos, como o programa nacional de saúde mental ou o plano para as demências, mas que não saiu ainda do papel.

Henrique Barros explica que "falta verdadeiramente a decisão de pôr dinheiro (sob forma de pessoas, sob forma de estruturas, sob forma de materiais) em circunstâncias onde sem isso as coisas não podem acontecer".

Este relatório do Conselho Nacional de Saúde lembra, por exemplo, que o consumo de estimulantes do sistema nervoso central e psicofármacos tem aumentado nos últimos anos, que Portugal é um dos países da OCDE com o rácio mais baixo de psiquiatras, ou que a prevalência das demências pode duplicar até 2050.
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