Os habitantes da freguesia de S. Martinho, concelho de Sintra, despedem-se sábado da imagem de Nossa Senhora do Cabo Espichel, que nas próximas semanas viaja até Almargem do Bispo e só regressa a S. Martinho em 2030.
"O momento da despedida da imagem é sempre muito emocionante, especialmente para as pessoas idosas", disse à Lusa Hermínio Santos, da comissão de festas da freguesia de S. Martinho.
Segundo Hermínio Santos, as festas tiveram origem no século XII, tendo-se realizado no santuário do Cabo Espichel até 1893, data em que se fez uma cópia da imagem que passou a percorrer as freguesias.
De acordo com a tradição, quando um navio de mercadores ingleses se encontrava em apuros, o capelão, evocando Nossa Senhora, foi buscar uma imagem que desapareceu e foi encontrada no dia seguinte no cimo de um penhasco no Cabo Espichel.
As cerimónias religiosas incluem uma procissão que começa pelas 19:00 de sábado, seguida de uma missa celebrada nas escadarias do Palácio Nacional de Sintra, pelo bispo auxiliar do Patriarcado de Lisboa, D. Carlos Azevedo.
No dia 11 de Setembro o cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo preside a uma missa no Parque da Liberdade.
Após a celebração religiosa realiza-se o "gesto de despedida" da imagem, numa procissão ao longo de dois cordões humanos, desde o Parque da Liberdade até à Igreja Paroquial de São Martinho.
A componente profana das festas começa sábado com um cortejo regional no qual participarão ranchos folclóricos, figuras típicas dos séculos XIX e XX de Sintra, como os aguadeiros, grupos corais e desportivos e carros alegóricos.
Pela primeira vez vai realizar-se um desfile de "veículos com história" que juntará no domingo cerca de 80 veículos, entre carros de bombeiros, autocarros, carros de recolha do lixo, uma biblioteca itinerante e automóveis, além de mais de 60 motas.
Uma estreia desta edição é igualmente o desfile equestre dia 11 de Setembro, com a participação de cerca de 50 cavaleiros e amazonas e 15 carros de atrelagem.
A comissão pretende, com a realização deste cortejo, "fazer reviver a tradição equestre de Sintra, desaparecida no primeiro quartel do século XX, em que apenas subsistem os tradicionais trens vocacionados para a promoção turística local".
"O ano passado recebemos uma enchente de gente e este ano também esperamos milhares de pessoas", disse Hermínio Santos.
São igualmente esperadas milhares de pessoas no círio e cerimónia de recepção em Almargem do Bispo, onde a imagem chegará dia 17 de Setembro e onde os festejos se prolongarão até dia 22.
A partir de sábado e ao longo de todo o mês de Setembro estará patente uma exposição sobre as queijadas de Sintra e o vinho Ramisco, de Colares, na Galeria Municipal, situada no edifício do Turismo, em Sintra.
A mostra conta a história do vinho de Colares e das queijadas e as suas diferentes fábricas, através de documentos escritos, rótulos antigos, garrafas, formas e instrumentos.