Bielorrussos e russos em Portugal manifestam-se no domingo em frente à Embaixada da Sérvia, em Lisboa, em apoio a um ativista bielorrusso que o país liderado por Alexander Lukashenko pretende ver extraditado pelas autoridades sérvias.
A iniciativa, englobada numa ação internacional de apoio ao jornalista, diretor de cinema e ativista político Andrey Gnyot, é promovida em Portugal, no domingo, pelas 14:00, pela Associação de Russos Livres, em cooperação com os bielorrussos.
Timofei Bugaevskii, da Associação de Russos Livres, explicou à agência Lusa que esta é "a primeira ação recente" que tem conhecimento dos bielorrussos em Portugal contra o regime de Lukashenko, acrescentando que o apoio da sua associação deve-se "ao grande perigo que as autoridades bielorrussas representam para as famílias dos ativistas".
"Muitos dos problemas das pessoas em países com regimes ditatoriais são semelhantes e acreditamos que é importante apoiar a luta contra a propaganda e partilhar as melhores práticas para que possamos conseguir uma mudança de regime para regimes democráticos nos nossos países", sublinhou.
Andrey Gnyot está em prisão domiciliária em Belgrado, depois de um tribunal superior sérvio ter determinado, em 31 de maio, a extradição para a Bielorrússia.
Na terça-feira, um tribunal de recurso da Sérvia irá decidir sobre o caso do bielorrusso, que foi detido inicialmente naquele país em 2023, na sequência de um pedido de extradição para a Bielorrússia, detalhou a Associação de Russos Livres, em comunicado conjunto com os bielorrussos em Portugal.
Gnyot, que vive na Tailândia desde 2020, aterrou em Belgrado em trabalho, para filmar um anúncio, mas foi detido pelas autoridades sérvias. Na Bielorrússia é acusado de evasão fiscal, alegadamente cometida entre 2012 e 2018, e está na lista de extremistas do país, explicou a associação.
"É claro para todos - exceto, aparentemente, para o juiz sérvio - que a verdadeira razão pela qual Lukashenko quer apanhar Gnyot é a sua participação nos protestos contra as eleições injustas de 2020. Foi nessa altura que Andrey, juntamente com uma dúzia de atletas bielorrussos famosos, fundou a organização SOS BY. No âmbito desta organização, os desportistas defenderam os direitos eleitorais e civis dos seus adeptos, que foram massivamente detidos e espancados por discordarem da ditadura", destacou ainda.
Os ativistas bielorrussos e russos alertam ainda que se Gnyot for extraditado será "torturado e condenado a uma morte certa".
"Para se obter o título de `extremista` na Bielorrússia, basta exigir eleições justas e uma luta justa entre Lukashenko e os líderes democráticos, bem como discordar da participação da Bielorrússia na guerra contra a Ucrânia", vincaram.
A Associação de Russos Livres e os bielorrussos alertaram também, no comunicado, para "grandes problemas" na obtenção de documentos ou passaportes para apátridas, incluindo em Portugal.
"Aqueles que chegaram a Portugal entre 2020 e 2023 também enfrentam problemas com documentos, especialmente com a renovação de passaportes expirados. Um novo decreto do Presidente da Bielorrússia anulou a possibilidade de obter certidões de registo criminal, documentos relacionados com o estado civil, assim como proibiu a renovação de documentos através das embaixadas bielorrussas nos países europeus", destacaram.
Timofei Bugaevskii destacou ainda à agência Lusa que ativistas russos antiguerra enfrentam "problemas semelhantes com a exigência de extradição para a Rússia de pessoas que se manifestam contra o regime criminoso de Putin".
"Recentemente, o grupo Bi-2 foi resgatado da extradição da Tailândia com grande dificuldade. Atualmente, o ativista russo Vladislav Arinichev está numa prisão de deportação na Croácia, considerado uma ameaça à segurança nacional por estar na lista russa de `extremistas` e `terroristas` devido às suas declarações antiguerra", alertou.